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27 de nov. de 2010

Tropa da mídia


FERNANDO DE BARROS E SILVA

Há um triunfalismo exorbitante na cobertura jornalística dos acontecimentos gravíssimos no Rio de Janeiro. Na sua primeira página de ontem, o jornal "O Globo" estampou, em letras garrafais: "O Dia D da guerra ao tráfico".

A comparação, ou "semelhança simbólica", entre a ocupação da Vila Cruzeiro, anteontem, e o desembarque das tropas aliadas na Normandia, impondo a derrota aos nazistas, é um despropósito, um disparate histórico, além de factual.

Vale lembrar: no dia 21 de abril de 2008, o Bope pendurou na parte mais alta da mesma Vila Cruzeiro a sua bandeira preta com a caveira no centro. A tropa de elite da polícia comemorava uma semana de ocupação na favela. Falava-se então na apreensão de "três mil sacolés de cocaína e 480 pedras de crack". Já vimos, pois, esse filme antes.

O que aconteceu desde então? As coisas agora são diferentes? Parece que sim. A começar pelo emprego de armamentos de guerra e de efetivos das Forças Armadas no cerco ao tráfico. Os bandidos também mudaram de patamar: passaram a patrocinar ações típicas da guerrilha e do terrorismo pela cidade.

Até prova em contrário, esses parecem ser sintomas do agravamento de um problema, e não da sua solução. Curiosamente, o secretário de Segurança do Rio mostra ter mais noção disso do que a mídia.

Por toda parte -TVs, jornais, internet-, há uma tendência compulsiva para transformar a realidade em enredo de "Tropa de Elite 3", o filme do acerto de contas final. A dramatização meio oficialista e meio ficcional do conflito parece se beneficiar de uma fúria coletiva e sem ressalvas dirigida aos morros, como quem diz: sobe, invade, explode, arregaça, extermina!

É quase possível ouvir no ar o lamento pela ausência de traficantes metralhados diante das câmeras. Até o momento em que escrevo, foram incendiados 99 veículos e mortas 44 pessoas. Quantas eram marginais? Quantas eram só pobres-diabos? E que diferença isso faz?
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Excelente reflexão
A favela é a senzala do século XXI
No blog http://atabaqueblog.blogspot.com/

24 de nov. de 2010

Pérolas da Justiça: Ministro sem educação

Publicado no blog do Noblat, 22/10:
'Sou Ari Pargendler, presidente do STJ. Você está demitido'

A frase acima revela parte da humilhação vivida por um estagiário do Superior Tribunal de Justiça (STJ) após um momento de fúria do presidente da Corte, Ari Pargendler (na foto).

O episódio foi registrado na 5a delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal às 21h05 de ontem, quinta-feira (20). O boletim de ocorrência (BO) que tem como motivo “injúria real”, recebeu o número 5019/10. Ele é assinado pelo delegado Laércio Rossetto.

O blog procurou o presidente do STJ, mas foi informado pela assessoria do Tribunal que ele estava no Rio Grande do Sul e que não seria possível entrevistá-lo por telefone.

O autor do BO e alvo da demissão: Marco Paulo dos Santos, 24 anos, até então estagiário do curso de administração na Coordenadoria de Pagamento do STJ.

O motivo da demissão?

Marco estava imediatamente atrás do presidente do Tribunal no momento em que o ministro usava um caixa rápido, localizado no interior da Corte.

A explosão do presidente do STJ ocorreu na tarde da última terça-feira (19) quando fazia uma transação em uma das máquinas do Banco do Brasil.

No mesmo momento, Marco se encaminhou a outro caixa - próximo de Pargendler - para depositar um cheque de uma colega de trabalho.

Ao ver uma mensagem de erro na tela da máquina, o estagiário foi informado por um funcionário da agência, que o único caixa disponível para depósito era exatamente o que o ministro estava usando.

Segundo Marco, ele deslocou-se até a linha marcada no chão, atrás do ministro, local indicado para o próximo cliente.

Incomodado com a proximidade de Marco, Pargendler teria disparado: “Você quer sair daqui porque estou fazendo uma transação pessoal."

Marco: “Mas estou atrás da linha de espera”.
O ministro: “Sai daqui. Vai fazer o que você tem quer fazer em outro lugar”.

Marco tentou explicar ao ministro que o único caixa para depósito disponível era aquele e que por isso aguardaria no local.

Diante da resposta, Pargendler perdeu a calma e disse: “Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido, está fora daqui”.

Até o anúncio do ministro, Marco diz que não sabia quem ele era.

Fabiane Cadete, estudante do nono semestre de Direito do Instituto de Educação Superior de Brasília, uma das testemunhas citadas no boletim de ocorrência, confirmou ao blog o que Marco disse ter ouvido do ministro.

“Ele [Ari Pargendler] ficou olhando para o lado e para o outro e começou a gritar com o rapaz. Avançou sobre ele e puxou várias vezes o crachá que ele carregava no pescoço. E disse: "Você já era! Você já era! Você já era!”, conta Fabiane.

“Fiquei horrorizada. Foi uma violência gratuita”, acrescentou.

Segundo Fabiane, no momento em que o ministro partiu para cima de Marco disposto a arrancar seu crachá, ele não reagiu. “O menino ficou parado, não teve reação nenhuma”.

De acordo com colegas de trabalho de Marco, apenas uma hora depois do episódio, a carta de dispensa estava em cima da mesa do chefe do setor onde ele trabalhava.

Demitido, Marco ainda foi informado por funcionários da Seção de Movimentação de Pessoas do Tribunal, responsável pela contratação de estagiários, para ficar tranqüilo porque “nada constaria a respeito do ocorrido nos registros funcionais”.

O delegado Laercio Rossetto disse ao blog que o caso será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque a Polícia Civil não tem “competência legal” para investigar ocorrências que envolvam ministros sujeitos a foro privilegiado."

Pargendler é presidente do STJ desde o último dia três de agosto. Tem 63 anos, é gaúcho de Passo Fundo e integra o tribunal desde 1995. Foi também ministro do Tribunal Superior Eleitoral.
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Alvo de momento de fúria do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, o estudante Marco Paulo dos Santos, 24 anos, nasceu na Grécia, filho de mãe brasileira e pai africano (Cabo Verde).
Aos dois anos de idade, após a separação dos pais, Marco veio para o Brasil com a mãe e o irmão mais velho. Antes de começar a estagiar no Tribunal fazia bicos dando aulas de violão.
Segundo ele, a oportunidade de estagiar no Tribunal surgiu no início deste ano. O estágio foi seu primeiro emprego.
“Não sei bem se foi em fevereiro ou março. Mas passei entre os 10 primeiros colocados e fui convocado para a entrevista final. O meu ex-chefe foi quem me entrevistou”, relembra.
Marco passou a receber uma bolsa mensal de R$ 600 e mais auxílio transporte de R$ 8 por dia.
“Trabalhava das 13h às 19h. Tinha função administrativa. Trabalhava com processos, com arquivos, com informações da área de pagamentos”, explica.
No período da manhã, ele freqüenta a Escola de Choro Raphael Rabello, onde aprende violão desde 2008.
À noite, atravessa de ônibus os 32km que separam a cidade de Valparaíso de Goías, onde mora, da faculdade, em Brasília, onde cursa o quinto semestre de Administração.
Sobre sua demissão do STJ, parece atônito: “Ainda estou meio sem saber o que fazer. Tudo aconteceu muito rápido. Mas já tinha planos de montar uma escola de música na minha região onde moro".

23 de nov. de 2010

O juiz-poeta não se fechará no estreito mundo do jurídico...

O poeta e o juiz
João Baptista Herkenhoff

Em Cachoeiro de Itapemirim (ES) o povo ergueu na praça principal o busto de um poeta. E esculpiu nesse busto versos do poeta. O poeta chama-se Newton Braga, tão universal e humano quanto seu irmão, o cronista Rubem Braga, embora menos conhecido do que este porque escolheu residir na sua terra natal.

O primeiro aspecto a realçar é que a homenagem máxima da cidade foi fruto de uma subscrição popular. Centenas de pessoas assinaram a lista de doações tendo havido contribuições minúsculas, algumas destas sumamente expressivas porque os signatários colocaram toda a força da alma ao assinar. Destaque-se ainda que não se tributava honra a um homem de poder, como é bem mais comum ocorrer.

Os versos esculpidos no granito são os versos finais do poema “Fraternidade”:

“Esta sensibilidade, que é uma antena delicadíssima,

captando pedaços de todas as dores do mundo,

e que me fará morrer de dores que não são minhas.”

Vejo uma identidade entre o juiz e o poeta. O juiz também morre de dores que não são suas. Deve ser capaz de viver o drama dos processos, descer às pessoas que julga, incorporar na alma a fome de Justiça do povo a que serve.

O juiz haverá de ser um misto de juiz e poeta, não com o sentido pejorativo que se desse a essa fusão. Mas com o verdadeiro sentido que há em ver como atributos da Justiça a construção da Beleza, obra do artista, e a construção do Bem, obra do homem que procura trilhar o caminho da virtude.

Diverso e oposto desse paradigma de juiz seria o juiz distante, distante e equidistante, cuja pena se torna para ele um peso, não por sentir as dores que não suas, mas pelo enfado de julgar, pela carência do idealismo e da paixão que tornariam seu ofício uma aventura digna da dedicação de uma existência.

A lei como instrumento de limitação do poder é um avanço da cultura humana, caracteriza o Estado de Direito.

Mas a tábua de valores de um povo não está apenas na lei. Está sobretudo no estofo moral dos aplicadores da lei. Não há arquitetura política, sistema de freios do poder, concepção de instâncias superpostas a permitir a utilização de recursos, não há enfim engenharia processual que assegure a um povo tranquilidade e Justiça se os juízes forem corruptos, preguiçosos, egoístas, estreitos, sem abertura para o social, ciosos apenas de suas vaidades.

O juiz-poeta será aberto ao universal porque a Poesia descortina os horizontes do mundo e rompe com as estreitezas.

Aberto ao universal, terá do Direito uma visão sistêmica, percebendo a relação do Direito com os outros saberes humanos. Portador de cultura ampla, impulsionado pela Poesia a ver sempre além, terá consciência de seu papel social, mediador de culturas num Brasil plural.

O juiz-poeta cultivará o estudo, o trabalho intelectual, os livros. Seguirá o conselho de Olavo Bilac: “Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino escreve! No aconchego do claustro, na paciência e no sossego, trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”

O juiz-poeta não se fechará no estreito mundo do jurídico e menos ainda no estreito mundo de códigos e leis interpretados literalmente. Abrirá as janelas para enxergar toda a complexidade dos problemas humanos, pensará sempre nas consequências sociais de suas decisões. Nunca lavará as mãos, como Pilatos, jogando sobre o legislador a culpa por sentenças que, a seu próprio critério, sejam profundamente injustas, sem o esforço de buscar caminhos de interpretação para que prevaleçam, nos julgados, os valores éticos que a própria Constituição Federal coloca como parâmetros da organização social brasileira, como muito bem analisou em livro o jurista gaúcho Juarez Freitas.

Um juiz e uma Justiça que participem do esforço de superação das injustiças estruturais, isto é o que se espera como programa de ação de um Judiciário sensível e vigilante. Em síntese: juízes-poetas que se desdobrem para fazer da Justiça uma obra de Poesia e de Grandeza.

João Baptista Herkenhoff é professor da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES), autor do livro Dilemas de um juiz – a aventura obrigatória (Rio, GZ Editora, 2009).
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É livre a difusão deste texto, por qualquer meio ou veículo.

19 de nov. de 2010

Cidadania no Presídio de Cataguases. Comemoração do Dia da Bandeira


Foi com muita emoção que os alunos da turma EJA RECOMEÇO do primeiro segmento do ensino Fundamental, do Presídio de Cataguases, fizeram uma belíssima apresentação com jograis, poesias e cantoria da Música de Ari Barroso, Aquarela do Brasil.

Na abertura foram hasteadas as bandeiras Nacional e Mineira pelo alunos ao som do afinado coral Recomeço, que em tempo recorde ensaiou e deu conta de cantar o lindo hino da Bandeira Brasileira. Obrigada aos agentes Eli e Daniel, parceiros de todos os momentos.

A presença do Juiz de Execução Penal Dr. João Paulo Juniorr e do promotor Dr. Wandel Vitorino, completou o sucesso das apresentações. Até pensávamos, que eles iriam errar tudo por conta da presença das autoridades, mas foi o contrário: eles brilharam ainda mais.

Tudo isso acontecendo graças ao apoio irrestrito do Diretor Sr. Carlos Roberto Barbosa e sua equipe, e da equipe pedagógica sobre o comando da bela e competente supervisora Elaine Rafino.




PARABÉNS A TODOS OS QUE COMPÕEM ESTE BELO EXEMPLO DE CIDADANIA.
PARABÉNS À SUAPI QUE VEIO MUDAR A REALIDADE DE NOSSO SISTEMA PRISIONAL, TORNANDO-O MAIS HUMANO E CAPACITADO PARA A NOBRE FUNÇÃO DE RESSOCIALIZAR OS DETENTOS.
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17 de nov. de 2010

Pérolas da Justiça: advogado condenado “por desacato à autoridade”

OAB promove ato em defesa do advogado Herber Reis

Os advogados Etienne Magalhães, Gilmar Araújo, Pablo Picasso e Ilson Azevedo protocolam recurso no Fórum em Iaçu.

Indignados com o que consideraram atitude injusta, autoritária e corporativista da magistratura contra o exercício da advocacia, um grupo de advogados da subseção da OAB de Itaberaba e da seccional OAB da Bahia, protocolou na segunda-feira 8, o Recurso de Apelação contra a sentença que condenou o advogado itaberabense Herber da Silva Reis.
Dirigentes da OAB informam que o advogado tem sofrido fortes represálias, a começar por sua prisão arbitrária determinada pelo juiz Carlos de Oliveira Símaro, titular da Vara Crime da Comarca de Iaçu, no dia 5 de outubro de 2009, quando Herber reclamou verbalmente das atitudes e posturas do magistrado. Apesar da presença ordeira e silenciosa, os advogados promoveram um ato de desagravo ao acompanharem em delegação, o protocolamento do recurso, “para que a Justiça reveja a sentença, e restaure-se a harmonia nas relações entre os operadores do direito”, salientou o presidente da Ordem, Etienne Costa Magalhães. “Manifestamos nossa solidariedade ao colega Herber Reis, que foi vilipendiado no direito ao exercício de sua profissão – afirmou o jurista Ilson Azevedo em frente ao Fórum Dr. Geraldo Mota – pois estamos confiantes que o Tribunal saberá corrigir o equívoco cometido pelo Ilustre Magistrado de 1º Grau”. O ato foi acompanhado por 12 advogados, dentre eles o conselheiro seccional da OAB-Bahia, Gilmar Araújo Ribeiro, além de juristas dos municípios vizinhos.
O episódio
Tudo começou com um telefonema de Herber para o juiz Símaro, pedindo informações sobre um determinado processo, ao que o magistrado negou informar via fone, “interrompendo a ligação bruscamente”. Informou o advogado, acrescentando que em seguida se dirigiu para o fórum em Iaçu, onde foi recebido pelo Juiz, estabelecendo-se a interpelação. “A atitude de V. Exa. é arbitrária e prepotente” – disse Herber, ao que o juiz reagiu dando voz de prisão – “por desacato à autoridade” – determinando aos policiais em plantão no Fórum o cumprimento da ordem. Testemunhando o incidente forense, o jurista Ivan Santos acompanhou seu colega detido, levando-o à delegacia em seu carro sob a escolta policial.

Meia hora depois chega à delegacia o presidente da OAB, Etienne acompanhado pelos colegas dirigentes da ordem Jurandy Oliveira Ferreira, Archibaldo Nunes Santos e Pablo Dias, que juntos ao delegado de polícia Renato, presenciaram a lavratura do Termo Circunstanciado - TC, ficando o advogado em liberdade.

Do TC elaborado na Delegacia de Iaçú gerou um processo criminal contra Herber Reis, que passou a tramitar na Vara Crime da Comarca de Iaçú.

A delegação da OAB com os juristas: Carlos Cincurá, Archibaldo, Pablo, Gilmar, Jurandy, José Guedes, Danielle Mascarenhas, Tânia Fraga, Gabriel Pinheiro, Janeide Alves, Leonardo Moscoso, Etienne Filho, Etienne Magalhães e Ilson Azevedo.

Condenação sem defesa

Nas 16 páginas do Recurso de Apelação protocolado em Iaçu pelos dirigentes da OAB, o jurista Luis Augusto Coutinho levanta a tese em que, o processo que condenou Herber cerceou seu direito de defesa.

O julgamento do processo coube ao juiz substituto, Raimundo Dórea Costa, titular da Vara Crime da Comarca de Itaberaba, 3º Substituto da Comarca de Iaçú. A audiência preliminar realizou-se no dia 3 de dezembro de 2009, em Itaberaba, com a presença do acusado que rejeitou a proposta de transação penal, apresentada pelo Ministério Público, que consistia no pagamento de 10 salários mínimos.

Na Instrução Processual, quando da audiência ocorrida no dia 20 de outubro passado, Herbert justificou sua ausência por meio de atestado médico, solicitando a designação de nova assentada. Na terceira audiência em 27 do mesmo mês, pediu novo adiamento por motivos de saúde, na condição de hipertenso, vítima de AVC, em risco de crises imprevisíveis aos 62 anos.

Interpretando que os atestados de saúde do acusado tinham fins procrastinatórios, o magistrado indeferiu o pedido de adiamento, instruiu o feito e prolatou a sentença, condenando o advogado à pena de um ano de detenção em regime aberto, convertida em multa de 10 salários mínimos.

“O indeferimento da última audiência feriu a norma processual penal e maculou a Constituição Federal” – reclamou o presidente da OAB – “nada justifica a decisão do Juiz que manteve a audiência, designou advogado ad-hoc para a defesa sem conhecer o feito, instruiu o processo e proferiu a sentença no mesmo dia”! O presidente da OAB levanta a suspeita de que a celeridade do processo atendeu a interesses estranhos à técnica jurídica, lembrando que “o processo contra Herber recebeu tramitação acelerada, atentando-se contra o princípio constitucional que assegura a qualquer cidadão a ampla defesa e o contraditório”. Instaurado em dezembro passado, o processo ficou concluso em apenas 10 meses, com a sentença baixada em 27 de outubro último!

Sentença com caráter intimidatório

O conselheiro da OAB, Gilmar Araújo, denuncia intimidação.
Citando normas constitucionais e princípios do estatuto da advocacia, o jurista Gilmar Araújo Ribeiro, conselheiro seccional da OAB Bahia, revela que o processo movido contra seu colega Herber Reis “não é um fato isolado”, devido ao que considera “um certo clima de distanciamento que vem se intensificando ao longo dos anos, entre a posição dos juízes e a dos advogados”. Ele argumenta que o processo “teve como objetivo principal deixar claro um recado intimidatório aos advogados jurisdicionados da subseção da Ordem, no exercício da profissão. Infelizmente, alguns juízes querem se posicionar hierarquicamente, com superioridade em relação aos advogados”. Denuncia Gilmar Araújo.

Lembrando o Artigo 31 § 2º. do Estatuto da Advocacia, Gilmar cita que o advogado não deve ter “nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer em impopularidade no exercício da profissão”. O advogado é um profissional indispensável à administração da justiça com competência para reclamar verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento. Ao reclamar perante o juiz, Herber estava exercendo seus plenos direitos no exercício da advocacia. Ao concluir, o conselheiro da OAB e o Presidente ponderam que “não existe nenhuma predisposição dos advogados em provocar embates com os magistrados ou promotores, mesmo porque a justiça só sobrevive e alcança seus objetivos na célere prestação jurisdicional, quando é assegurada a independência e autonomia dos advogados, suas prerrogativas no exercício da advocacia e o respeito recíproco à igualdade na base do tripé do judiciário, constituído pelos advogados, promotores e Juízes”.
http://www.oparaguacu.com.br/
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COMENTÁRIO DO RECOMEÇO

E ainda argumentam que o Judiciário é moroso porque os juízes estão sobrecarregados de processos. Para um juiz ter tempo e disposição para processar um advogado. que não cometeu nenhum crime, é preciso estar muito sem serviço. Haja tempo de sobra!

O fato nos reporta à minha sentença de prisão por escrever neste humilde jornal Recomeço um editorial chamando a atenção das autoridades pelo estado de calamidade em que se encontrava a cadeia pública de Leopoldina em 2006. O juiz José Alfredo Junger de Souza Vieira, titular da Vara Criminal na época, me processou por "calúnia" (sendo que o nome dele nem constava no texto em questão), e a juíza Tânia Maria Elias Chaim me condenou a quatro meses de prisão em 2008.
Durante a audiência, quando a juíza me ofereceu a transação penal e eu não aceitei, ela teve o desplante de dizer que era melhor eu aceitar porque "não há a mínima possibilidade de absolvição, embora eu nem tenha lido o processo".

A isso chamam justiça. Que justiça?
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9 de nov. de 2010

BARBÁRIE NO MARANHÃO

Rebelião deixa ao menos 9 mortos em presídio do MA

No final da tarde de ontem, detentos aceitaram a troca dos corpos por alimentos; negociação será retomada. Governo estadual nega superlotação e pede para o Ministério da Justiça ajudar no processo de negociação

SÍLVIA FREIRE DE SÃO PAULO
Pelo menos nove presos foram mortos -três deles decapitados- em uma rebelião no presídio de segurança máxima de São Luís (MA).

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Maranhão, Luís Antonio Pedrosa, que participou da negociação com os detentos, afirmou que há ao menos outros cinco corpos dentro do presídio.

Segundo Pedrosa, até a noite de ontem, cinco monitores (seguranças terceirizados que trabalham desarmados) ainda estavam reféns dos presos. A Secretaria Estadual da Segurança Pública confirmava apenas três.

A rebelião começou por volta das 9h de ontem, quando os presos do pavilhão C do Presídio São Luís, no Complexo Prisional de Pedrinhas, na capital, dominaram um agente penitenciário.

Até a noite de ontem, a situação não estava controlada. No final da tarde, os presos aceitaram entregar os corpos em troca de alimentos

As negociações foram suspensas no início da noite e deverão ser retomadas hoje.

Segundo o representante da OAB, os presos reclamam da superlotação e de que recebem um litro de água por dia para dividir em cada cela.

Os presos afirmaram também que integrantes de facções rivais são colocados no mesmo pavilhão para incentivar as desavenças e mortes.

APOIO

A governadora Roseana Sarney (PMDB) pediu apoio ao Ministério da Justiça para ajudar nas negociações. Segundo a secretaria, uma equipe especializados em negociações com presos deve chegar ao Estado hoje.

A Secretaria da Segurança negou que o presídio esteja superlotado. A informação era que havia 80 presos. Segundo o representante da OAB, o pavilhão C abrigava 214 presos, para uma capacidade próxima a cem.

Em nota, o governo do Estado disse que "há um estado de tensão permanente entre facções de presos" e que a superlotação nos presídios do Maranhão é uma realidade "assim como nos demais Estados". "Esse problema está sendo enfrentado pelo governo do Estado com a construção de novas unidades prisionais", diz a nota.

Fonte: Folha de São Paulo - 6/11/2010
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Agora vejam
O vídeo abaixo é de 3 semanas atrás. O presídio estava à beira de um motim sangrento. E nem assim as autoridades tomaram providências legais e eficientes. Ao contrário, enviaram mais fanatismo religioso que só poderia acirrar os ânimos. O resultado é o que temos hoje: um verdadeiro banho de sangue e selvageria, com previsão de 15 mortos.
E agora? As autoridades como sempre sairão ilesas?


Leiam mais
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2 de nov. de 2010

Dia de alegria no presídio de Leopoldina com o casamento de Rafael e Brunela

21 de outubro foi um dia de felicidade e realização para Rafael e Brunela que se casaram na unidade da Suapi de Leopoldina, MG. Ali se conheceram, ali se apaixonaram e agora se casaram.
Os noivos aguardam o fim da pena para iniciarem a vida em comum de casados.
O RECOMEÇO envia parabéns
Parabéns e votos de felicidades aos noivos Rafael e Brunela.
Parabéns ao diretor, agentes, funcionários e voluntários do Presídio de Leopoldina que proporcionaram aos noivos uma simples, mas bela e emocionante cerimônia de casamento que encantou a todos.