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3 de out. de 2009

Mídia e violência

Uma mídia que veicula violência gera violência social
Frei Gilvander Luís Moreira
A mídia, nos braços do poder econômico, serve ao povo brasileiro todos os dias um cardápio com três pratos: violência, entretenimento e economicismo. Divulgam-se à exaustão os assassinatos e os massacres que acontecem. Isso injeta o medo no tecido social. Amedrontado, o povo se fecha e se retrai.
Ficar em casa, evitar a participação em reuniões à noite, aumentar os muros, colocar cerca elétrica e, quem pode, investir em segurança pessoal, têm sido as saídas encontradas pela população amedrontada.
Hoje, há, no Brasil, mais segurança privada do que policiais. Atualiza-se o princípio maquiavélico que dizia “divida para dominar”. Hoje, “meta medo e dominarás”. Assim alimenta a sede de lucro da indústria de segurança.
Pesquisadores da Rutgers University, em Newark, nos Estados Unidos, concluíram que “você é o que você assiste”, pelo menos quando se trata de adolescentes e jovens. A relação entre violência na mídia e comportamento violento tem sido reconhecida por especialistas nos últimos 40 anos. Uma mídia que veicula violência gera violência social.
Quando ocorrem os crimes bárbaros e as vítimas são de classe média, a mídia faz um alarde. Quando as vítimas são os pobres, o que é maioria, ninguém fica sequer sabendo. Banaliza-se. Não há espaço na mídia para problematizar a questão.
As propostas que surgem vêm na contramão dos ditames constitucionais como é o caso dos projetos de lei que visam à redução da maioridade penal e ao endurecimento de leis penais como várias aprovadas no Congresso Nacional, em 2008.
Entretenimento é veiculado exageradamente por TVs em programas de auditório que transformam o Brasil em circo virtual, onde grandes apresentadores são grandes palhaços que reduzem o povo a telespectadores passivos.
Novelas envenenadas com propaganda comercial estão nessa linha também e funcionam como relaxante e anestésico para quem as assiste.
Economicismo é reduzir o ser humano à dimensão econômica. Prato básico de jornais, rádios e TVs são os avanços ou recuos econômicos. “A bolsa subiu!”, “vendeu tanto”, “lucrou tanto”, “a crise gerou isso...” Só se pensa nisso! Fixa-se só no econômico como se fosse o que dá sentido à vida.
Por trás das paredes das prisões estão amontoados os presos que muito antes de serem algozes dos crimes divulgados pela mídia, com deleite, são vítimas de uma sociedade que, a cada dia, marginaliza e exclui a maior parcela da população de todas as oportunidades de vida digna.

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