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16 de jun. de 2007

Ultrapassei meus limites

Maria Aparecida de Paula

Ultrapassei o meu limite de confiança e respeito.
Eu mesma permiti que isso acontecesse e agora eu me encontro no cárcere. Eu estava com a mente voltada para as coisas ruins, parecia não ser eu e não era, porque eu nunca pensei da forma que agi e fiz. Eu penso que não era eu. Eu sempre fui contra a violência, roubo, tráfico. Eu falava que nunca iria parar num lugar como este. Que destino!
Estou pagando por falar com minhas filhas: “Não se metam com viciados, com quem tem passagem pela polícia, pela cadeia”. Eu não permitia, tinha um certo preconceito, que destino!
Hoje estou neste lugar convivendo com pessoas que discriminei e agora vejo tudo de outra forma. Aqui é uma escola e tive vários aprendizados, convivo com pessoas de todo tipo e cada uma tem suas histórias.
Neste tempo que estou aqui, já se passou muita gente e cada um com uma história, um significado que a gente vai aprendendo a cada dia. Eu vivo a mesma história, dividindo um pequeno espaço com elas que passam por aqui. E eu que tenho agora de conviver com tudo aquilo que falei, discriminei e julguei, me sinto humilhada, arrependida, arrasada e julgada.
E eu que humilhei, julguei, arrasei tantas outras pessoas e, principalmente, os meus familiares, pessoas que me respeitavam e consideravam.
Estou decepcionada comigo mesma por ter sido tão ignorante, tão egoísta, não pensei no estrago que fiz na vida de tanta gente. A cada dia, eu me arrependo mais e mais de tudo que fiz.
O conselho que dou: nunca queira passar por este lugar, é humilhante, constrangedor, tenebroso. Quando estiver com a sua mente atordoada, voltada para fazer coisas ruins, pare, medita e pense, não deixe a sua mente te dominar. Senão você pode parar num lugar como este. E ser discriminada pela sociedade. E aqueles amigos que diziam que eram seus amigos não existirão mais. Aqui tem tanta gente, mas mesmo assim me sinto sozinha. Todos aqueles que me adoravam, hoje me abominam, me desprezam, e me julgam.
“Não deseje o mal ao seu próximo porque o mal pode se voltar contra você”, assim como aconteceu comigo.

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