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Resultados da pesquisa

30 de jun. de 2007

Preparados para execução

Policiais no interior do temível Caveirão (foto O Dia)

Vila Cruzeiro: de Quilombo a Favela, da Esperança ao Infortúnio

Leia no ATABAQUEBLOG

28 de jun. de 2007

Carnificina

Hegel definiu a História como um "imenso matadouro". E Norberto Bobbio: " Grande parte da história humana é uma história de lutas fratricidas".
Vejam Foto e notícia no Jornal da Tarde
Moradores arrastam corpo em lençóis

Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame diz simplesmente que não pode “fazer um bolo sem quebrar os ovos”. É cúmulo da desvalorização da vida humana.

“Teve um rapaz que foi abordado pela polícia e saiu correndo no Cruzeiro. A polícia gritou pára, pára, pára. Ele não parou e a polícia atirou. Quando chegaram para ver o morto, ele estava com um crachá de uma associação de surdo e mudo.”
A denúncia de que a megaoperação no Alemão não deixou apenas traficantes mortos e vítimas civis baleadas foi feita pela comunidade ao fotógrafo Sidraque Santos, ontem.Ele acordou cedo e saiu para buscar um grupo de moradores do Alemão com quem faz um trabalho comunitário. Às 10 horas, foi impedido de entrar no complexo pelos policiais. Conseguiu chegar em casa somente depois das 18 horas. Conversou com vizinhos e ouviu histórias terríveis. Hoje, tentará levantar quantas pessoas da comunidade morreram.A afirmação do governo de que entre as vítimas não há inocentes causou revolta na população local.
Por volta das 16h30, três blindados da PM desceram com os primeiros corpos da Grota. Familiares e vizinhos de Bruno de Paula, de 20 anos, arrastaram o corpo dele envolvido em lençóis pela Rua Joaquim Queiróz até a entrada da favela, na Avenida Itararé. Eles iniciaram um protesto contra a operação policial. A manifestação foi reprimida minutos depois, quando agentes de segurança lançaram gás pimenta no grupo.
“Esse rapaz não era bandido”, afirmou uma mulher que pediu para não ser identificada. Policiais civis levaram o corpo para o Instituto Médico Legal (IML). À noite, a Secretaria de Segurança Pública divulgou a informação de que Bruno era traficante e teria morrido em confronto com policiais durante a megaoperação.
Maria de Lourdes Alves, de 50 anos, também afirmou que policiais estavam sendo violentos com moradores no interior da favela. “A gente sai de casa e não sabe se volta com vida. Estou sem almoço porque, depois do que vi de manhã quando saí de casa, não tenho coragem de entrar na Grota até a polícia sair”, disse.
Outro morador disse que prestaria queixa contra policiais pelo desaparecimento de R$ 2,5 mil de sua casa. “Será que não podemos confiar em quem deveria nos socorrer?”, questionou, antes de ser retirado por policiais. Também à tarde, uma mulher foi ferida por uma bala perdida na Rua Paranhos, um dos acessos ao Alemão.
Novas ações- Não há previsão para o fim da ocupação no Alemão. “Temos que optar e seguir em frente.” Para o secretário, os confrontos são inevitáveis por causa da capacidade bélica dos traficantes. Ele já chegou a dizer que não pode “fazer um bolo sem quebrar os ovos”. Ontem repetiu: “A ação da polícia não é violenta.”
Meu protesto no BLOG DA GLÓRIA

26 de jun. de 2007

Sentença exemplar



Parabéns ao desembargador Guilherme Luciano Baeta Nunes, que marcou época como juiz exemplar em Leopoldina. Não nos surprende a sua decisão pautada no direito (e até dever) dos cidadãos de fiscalizar os agentes públicos nos órgãos do Estado

Leiam a notícia no jornal Estado de Minas, 26/6, seção Giro Minas:

Justiça reconhece direito à denúncia
Uma sentença da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) reconheceu o direito constitucional do cidadão de denunciar agentes públicos caso se sinta pessoalmente coagido ou prejudicado. Os desembargadores negaram recurso apresentado por policiais militares da cidade de Sobrália (Rio Doce), denunciados à Corregedoria da Polícia Militar por um engenheiro que vistoriava estragos provocados pelas chuvas na região, em 2003, que alegou ter recebido tratamento ofensivo. Com base no arquivamento da denúncia por falta de provas, eles pleiteavam indenização por danos morais.
Em seu voto, o desembargador Guilherme Luciano Baeta Nunes, relator da ação, defendeu o acesso da população aos meios legais para a defesa de seus direitos.
“A abertura de sindicância contra os agentes, em razão da motivada e corajosa medida adotada pelo engenheiro, mormente quando se sabe que muitas arbitrariedades são cometidas e poucos são os casos em que o cidadão se vale dos meios legais para fazer prevalecer o seu direito, não configura ilícito civil passível de render aos autores a pretensa indenização”, justificou.

23 de jun. de 2007

A hora do GRITO

O que se vê no Brasil é um Governo anárquico, de grupelhos organizados descaradamente saqueando os cofres públicos, os bens nacionais, usando e abusando das instituições, surrupiando a economia popular. Mentem e escarnem o povo escravo.
Estabeleceram uma sociedade policiada, amedrontada com o desfile de militares e demonstração do poder das armas de guerra pelas ruas, praças e favelas; contra uma sociedade refém. Ninguém tem garantia de cidadania, segurança jurídica ou proteção do Estado.
Enquanto visível a ação malévola e desenfreada das autoridades e servidores públicos e da elite parasitária que infestam os poderes da República, a nação segue calada, explorada, humilhada, produzindo.
Não há menor interesse na prestação de serviços estatais, ineficientes na ociosidade dos agentes políticos sob vergonhosa auto remuneração com salários milionários e gozo de mordomias reais das instituições . As instituições os servem.
Ao mesmo tempo em que cresce a corrupção, cresce o confisco respaldado em leis discriminante em privilégios. Toda as obras e projetos de governos estão voltados às grandes empresas e ao regozijo dos governantes e da elite parasitária.
Estão criando dois "brasis", o "Brasil do servilismo feudal nepótico e corporativos despóticos”, aqui, e "o Brasil dos castelos e dos shoppings à elite parasitária", lá fora, em praias do Caribe e do Mediterrâneo. As embaixadas e consulados brasileiros são verdadeiros salões-de-festa e spas. A República dos escândalos. E o povo órfão e amedrontado, vivendo uma falsa democracia, de retórica e falácias.
É preciso um basta. Basta!
Que se ergam as forças cidadãs para o urgente resgate da Democracia e do Estado de Direito no Brasil. Que o grito de liberdade nasça das universidades, das associações civis, dos empresários e trabalhadores organizados. Sem qualquer possibilidade de se transigir com os atuais governantes, constituir imediata Assembléia Nacional composta por representantes de amplas camadas da sociedade civil e elaborar uma nova Constituição, reorganizando o Estado e reordenando as instituições governamentais.
Basta!
(Fonte: Artigo postado no grupo Café Consciência do Yahoo: cafeconsciencia@yahoogrupos.com.br)

22 de jun. de 2007

Amor e fé de adolescente

  • Laura Barbosa Lacerda de Oliveira*

    Quando adolescentes, pensamos que o amor é puro romantismo com rosas, beijos e carinho à luz de velas. Mas não é bem assim.
    Ele é bem melhor e mais difícil que isso, num relacionamento amoroso nem tudo é simples como mar de rosas.
    Um verdadeiro amor é alguém que nos aponta nossas erros e que também não se esquece de nossas qualidades para que possamos transformar estes aspectos e criar espaço para mais alegria e satisfação. Mas, com tudo isso, ainda temos problemas ao receber críticas, mesmo que elas sejam construtivas. Quando elas vêm das pessoas que mais amamos, nos colocamos na defensiva e nos fechamos, e às vezes, permitimos nossa raiva e recusa em admitir nossos defeitos. Aí construímos muros entre nós, nossas famílias e amigos.
    Há momentos em que nem conseguimos escutar o que está sendo dito. Quando receber criticas, não permita que sua reação inicial defensiva sabote a oportunidade de crescimento que está sendo apresentada, porque quando as pessoas que nos amam nos criticam, sempre é pelo nosso bem.
    Devemos agarrar de forma construtiva tudo que a vida tem a nos oferecer ou que podemos apreciar, pois tudo aquilo que ouvimos e compartilhamos uma parte com outras pessoas devemos receber com a intenção de compartilhar e assegurar constante de nossas bênçãos e bons acontecimentos em nossa vida. Receber somente para si mesmo cria um poço sem fundo, um buraco negro que acaba nos deixando na escuridão.
    Pense em como receber e compartilhar com os outros para que você possa receber continuamente uma porção de plenitude infinita, que flui da luz do criador, para nos mantermos sempre conectados com esta bênção de energia divina.
    Devemos agir sempre com muita humildade, pois o segredo para alcançarmos uma plenitude duradoura está na humildade das pessoas e na união partilhada de todos que acreditam que a compreensão e a fé em Deus é a melhor definição para viver no amor, para que ele seja puro e duradouro.
    Tudo que nós quisermos conseguir em nossas vidas devemos lutar com muita garra para merecermos a ajuda de Deus, porque devemos sempre estar cientes de que, quem de Deus não esquece, por ele sempre será lembrado.
    Nós devemos ser fiéis a Deus, em todos os momentos de nossa vida, pois só com Ele, encontraremos o verdadeiro caminho de Luz e de Paz, para distinguirmos o verdadeiro amor.
  • Recuperanda de Cataguases

A violência

  • RONILTON DA SILVA*

    O combate à violência é uma responsabilidade de todos os brasileiros, políticos, padres, pastores, professores, psicólogos, assistentes sociais, agentes comunitários, juizes, delegados, pais e mães, aeronáutica, exército e marinha do Brasil.
    O verdadeiro patriota é aquele que dedica suas energias a luta pela unidade nacional, pelo progresso cultural, econômico e social do seu povo. É aquele que assume as dores e os problemas desse povo como coisa suas, engajando-se na luta pela melhoria do padrão de vida de todos os seus irmãos, sem distinção e sem preconceito. O autêntico herói nacional é aquele que leva essa dedicação ao grau mais elevado possível, sacrificando-lhe os próprios interesses e se preciso for, até a própria vida.

    Com certeza, esta idéia passou na mente de muitos patriotas que lutaram pelo Brasil. D. Pedro I, nas margens do Riacho do Ipiranga, assim como Joaquim José da Silva Xavier.(Tiradentes). A Lei Áurea, assinada em 13 de Maio de 1888, pela princesa Isabel. O Zumbi dos Palmares. O abolicionista Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Luiz Gama, Castro Alves, Rui Barbosa, pessoas como Osório Duque Estrada, Francisco Manoel da Silva. Estes homens tiveram idéias de liberdade e igualdade em favor da concórdia, da confraternização e da paz.
    Hoje temos homens muito mais sábios, estudiosos, poderosos, que perante a sociedade fizeram discursos bonitos, juraram amor pela pátria, diziam lutar pela igualdade e pela paz, mas perderam seu caráter de patriotismo por seu povo, sua gente, sua terra, se corromperam, se venderam, viraram patrocinadores da organização criminosa.
    Mas enquanto tiver pessoas de bem, homens cansados de trabalhar, mas felizes porque trouxeram o pão para o seu lar com o suor de seu rosto, nós não vamos nos acovardar e nem intimidar, eles não vão fazer desaparecer a nossa idéia de paz.
    Vamos fazer um movimento pacifico em favor da paz, através das rádios, revistas, jornais, cartazes, camisetas, eles não podem calar a imprensa e os meios de comunicação porque é a voz do povo.
    Porque há palavras que ferem e matam. Mas também há palavras lindas de pronunciar como igualdade, paz, perdão, amor, carinho, felicidade, bondade, orgulho pelo que são palavras que tocam os corações para dias melhores, sem preconceito, sem racismo. E o mais importante: sem violência.
    Ó, meu filho, vá retirar o capim da roça que as sementes já começaram a brotar.

    Aqueles que perderam a consciência do que é a liberdade também não entendem o que é o valor da vida. Estamos mergulhados num mundo louco, onde reina como expoente a violência, onde se mata por qualquer preço ou por qualquer coisa. O perverso e o iníquo insistem em deixar suas marcas na humanidade, tristes marcas dos poucos e dos loucos que querem se impor pela escravidão do próprio mal que praticam.
    A liberdade humana e seu uso constituem em nosso tempo um grande desafio para usá-la. É preciso entendê-la para que não se faça dela um objeto apenas que se usa quando se quer, ou pior, ainda fazer dela um objeto descartável, joga-se fora o que é mais o nobre e digno do ser humano: a sua liberdade.

* Recuperando de Cataguases

O circo




LUIZ CLAUDIO DE SOUZA

O MUNDO SENSACIONAL DO CIRCO

Senhoras e senhores e crianças, boa noite!
Sejam bem vindos a nossa casa de espetáculos, que a partir deste instante, os convidamos para uma viagem artística, de sonhos, ilusões e fantasias. Esperamos que vocês adultos, nessas poucas horas de entretenimento, possam sentir mais uma vez, a alegria de ser criança que não envelhece! Falar de circo é assunto bem agradável, assunto de emoção, principalmente para o público infantil, circo é alegria, circo é diversão.
O circo, quando chega a uma cidade, é festa para todos, ou melhor, para quem gosta. Aquelas carretas imensas, ônibus de várias décadas. Trailers com lindas paisagens coloridas é a morada dos artistas que são responsabilizados pelo brilho do espetáculo.
A parte da montagem é composta por homens de vários lugares do mundo, trabalhando e se esforçando para erguer o gigante de lonas coloridas. Alguns circos são compostos de atrações nacionais e internacionais como: Os palhaços, a alegria a criançada! Os trapezistas voadores conhecidos como os águias do ar, malabaristas, ontorcionistas, equilibristas, o tradicional homem bala, um tipo de máquina que arremessa o artista a vários metros de distância, globo das motocicletas mais conhecido como Globo da Morte, leões africanos, elefantes, onças, macacos, chimpanzés, enfim um imenso zoológico móvel.
Hoje, por lei, em alguns circos, esses animais são proibidos, sendo que muito desses animais são abandonados pelos seus proprietários por motivos de idade avançada e saúde debilitada, outros são apreendidos por maus tratos e conduzidos ao zoológico para fins de tratamento médico, tendo toda a atenção, mantendo-os em ótima saúde. Tudo com amor, carinho e dedicação.
O espírito circense tradicional se preserva no nomadismo dos artistas e profissionais.
Ninguém quer saber do endereço fixo. O espetáculo passa por muitos estados e cidades em cada uma delas, repete-se a mesma rotina. Ë um tipo de espetáculo que diverte até quem não gosta de circo. O circo é só alegria.

Nota: O recuperando Luiz Cláudio trabalhou no circo, daí o conhecimento e o entusiasmo do texto.

21 de jun. de 2007

Kllotil Guimarães Pinto

Edição 132 - Texto 7

OPINIÃO

Triste, solitário e confuso. Lembrei-me das tristezas da vida, toda a miséria, ganância, doença, pobreza e a fome que consome a humanidade. A falta de estrutura e convivência que vive o homem. Dos filhos que perdem a mãe, das mães que perdem os filhos, das injustiças, dos crimes bárbaros e das cicatrizes causadas pela sociedade.

Lembrei-me de quando eu era adolescente e as dificuldades que eu e sociedade criavam para a formação do meu caráter. Da educação, generosidade e formação doada pela minha mãe. E nem sempre foi aproveitada por mim.
A tristeza, a solidão e confusão foram se abrindo como sol num dia nublado. Tudo foi ficando mais claro e constatei que a minha vida era de plástico, que estar viva era uma graça, um milagre.
E se tudo é alegria por saber que, mesmo estando num lugar deste, se eu quiser posso mudar a minha vida, a minha cidade e até mesmo o mundo fazendo a minha parte, em cada acordar neste lugar ou ate mesmo em outro lugar do mundo é sempre uma nova chance de começar de novo.
Sempre podemos consertar nossos erros ou até mesmo ter a oportunidade de errar de novo. Seja preso ou livre, doente ou com saúde, feliz ou infeliz, não importa, faça da sua vida uma vitória a cada amanhecer, a cada dia.
Só nós sabemos o que é melhor pra nós. E se você amanhecer no outro dia, faça melhor pra sua vida.

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A diferença

Ë uma realidade que a população carcerária de homossexuais vem aumentando a cada dia. Nas cadeias, nos presídios e nas penitenciárias. Cometem todos os tipos de crimes tráfico, seqüestro, assalto, homicídios, pedofilia, estupros, estelionato e até mesmo crimes leves.
Nas grandes cadeias, presídios e penitenciarias têm pavilhões, celas, galerias que separam os homossexuais do convívio com os heterossexuais por conta da discriminação.
Mas o que leva os homossexuais a cometerem crimes hediondos e leves? Pois são pessoas inteligentes, sensíveis, dotados de talentos, interessados em aprender e na maioria voltados para a ética e honestidade.
Na verdade o que leva certos homossexuais a cometerem crimes são os mesmos motivos que levam os heterossexuais. A falta de condições, as necessidades, o descaso e a falta de oportunidade. A opção sexual não tem nada a ver com a conduta ou qualquer outro atributo social. Vejo que o trabalho, a oportunidade, os benefícios ajudam na recuperação de todos por igual. No caso dos homossexuais cursos de cabeleireiro, corte e costura, decoração e artesanato, daria mais condições de recuperação devido à vocação.
Eu sou homossexual eu não sofro com a discriminação explícita, pois vivo no convívio. Sou tratado com respeito, dignidade, mas às vezes me sinto como um peixe fora d’água, sem condições e estruturas para a minha recuperação. Falta mais incentivo não só para pessoas na minha condição, mas para todos que querem sair deste lugar de cabeça erguida. Penso comigo, como seria se eu tivesse num presídio ou numa penitenciária, poderia ser melhor ou pior?
Eu sofreria mais discriminação do que estar no lugar onde sou conhecido e respeitado.
Não falo por mim e nem das condições que estou, falo pelos companheiros homossexuais que estão sofrendo ou até mesmo cumprindo pena numa dessas penitenciárias de que ouço falar.
Na verdade tenho que agradecer a Deus por ser um detento homossexual na cadeia de minha cidade, perto de meus familiares e convivendo com detentos que respeitam o meu jeito de ser. Trabalho na faxina e convivo 24 horas com todos os detentos que respeitam o meu jeito e me tratam de igual para igual, apesar da minha opção sexual.
Quero é agradecer a todos os detentos desta cadeia que me respeitam e não fazem da diferença uma forma de agressão. E a todos homossexuais que estão presos em alguma cadeia, penitenciária ou presídio, que são tratados com respeito e dignidade, ou até mesmo os que são tratados com discriminação e indiferença, que não percam a fé, não deixem a sua dignidade ser abalada e que usem a sua vocação e seu talento para se recuperar.
E aos heterossexuais também, que aproveitam todas as chances melhores. A hora é agora e não se pode perder tempo. E viva a diferença em todos os sentidos, pois ser diferente não é uma doença e sim uma opção.

Edição 132 - Texto 6

Uma nova abordagem da questão da segurança pública
Geovani Martins Ribeiro*

Como sentenciado em recuperação, conhecedor do sistema prisional e da criminalidade, por experiência própria, venho expor meu manifesto em nome dessa comunidade tão criticada e ao mesmo tempo, abandonada pelo Estado no que pertine a recuperação.
Diante das recentes manifestações do Congresso Nacional visando enrijecer as normas penais em resposta ao recrudescimento da criminalidade violenta, faz-se mister um manifesto desapaixonado e esclarecedor, alertando contra o perigoso e inconveniente viés moralizador da sociedade, encampado pelas Casas Legislativas sempre em momentos de grande comoção social.
Discursos inflamados nas tribunas proclamam a ampliação das penalidades dos criminosos; extinção de benefícios, diminuição da maioridade penal como antídoto para o mal. Porém, essas iniciativas fariam superlotar ainda mais o sistema prisional já saturado.
Na verdade, foi após o aumento das penalidades, com a Lei dos Crimes Hediondos (nº 8.072/90) quando as prisões se encheram criando uma nova faceta do crime – organizações poderosas agindo de dentro dos presídios – que a violência se tornou acachapante. A direção do Congresso em relação ao anseio por segurança é equivocada. O endurecimento das penas desacompanhado de uma política objetivando reabilitar o sentenciado trará conseqüências desastrosas. Penas mais altas, cadeias lotadas, falta de planos de regeneração para o apenado, é oferecer mais do mesmo.
O agravamento da violência, esse câncer devastador da teia social, intrinsecamente relacionado ao falido modelo carcerário nacional, exige novo tratamento, inovador, não remédio já testado que se mostrou ineficiente.
A Lei de Execução Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente são regras modernas e louváveis. O problema é o Estado não proporcionar estruturas adequadas para o cumprimento otimizado das normas, às quais, além de preverem o castigo retributivo ao ato, têm como finalidade principal a recuperação do condenado. Medidas para reabilitação, originais, plausíveis, são imprescindíveis.
Atentemos naquilo de melhor no âmbito prisional: a APAC-Associação de Proteção e Apoio aos Condenados, ONG cujo método de atuação para o soerguimento do indivíduo em conjunto com a Lei é exemplar. O índice de reincidência dentre os presos egressos da APAC é ínfimo. O molde apaqueano apresenta ambiente adequado para o ser humano desviado ter condições de reencontrar-se e abandonar o delito. Esse fato, por si só reduziria drasticamente a delinqüência, haja vista a maioria dos ilícitos serem cometidos por quem já cumpriu pena anteriormente (reincidente). Dilatar as punições sem remodelar os xadrezes conhecidos como “Universidades do Crime” é utopia e só agravará o problema. Um ex-presidiário recuperado, com suporte para entrar no mercado de trabalho é menos um bandido em potencial. Ressaltamos, evidentemente, como proposta preventiva, investimentos robustos, bem planejados, em educação e saúde. O caminho a ser palmilhado a fim de chegar-se à segurança pública é este, bem conhecido dos entendidos da área. Basta vontade para trilhá-lo. Todo restante é falácia. Parabéns pelo espaço democrático.

* Estudante e sentenciado

19 de jun. de 2007

Minhas palavras

Josimar da Silva Miranda

Eu, Josimar, me encontro privado da minha liberdade, na Cadeia Pública de Leopoldina.
Venho por meio desta agradecer primeiramente a Deus, e a vocês do jornal Recomeço, por me dar mais esta oportunidade de poder explicar o que estamos sentindo.
Queria neste momento também agradecer aos irmãos da APAC e à irmã Beth, pelo carinho e a atenção que nos dão.
Pois devido ao lugar onde nos encontramos, muitas vezes somos abandonados até mesmo pelos nossos familiares. Mas eu, graças a Deus, tenho uma família maravilhosa. Minha esposa irá agüentar esta dificuldade que temos passado, pois graças a Deus ele tem nos capacitado para enfrentar essas lutas.
Creio no Deus vivo, creio que isto tudo já está acabando.
Queria deixar bem claro para minha esposa Lucinha e para minhas filhas, Ana Paula, Lorane, Estefani, Taiene, que não sei o que seria de mim sem vocês. Eu amo vocês!!!
______________

Apesar de tudo, agradeço a Deus

Laudenir de Souza

Eu, Laudenir de Souza, sou do Rio de Janeiro, de Niterói, São Gonçalo, e me encontro privado da liberdade nesta cidade de Leopoldina, pagando pelo erro que eu cometi.
Apesar de me encontrar preso, e isso não ser bom, eu agradeço muito a Deus, primeiramente por estar vivo e depois pelas grandes amizades que fiz aqui neste lugar. Uma dessas amizades é a minha amada irmã Beth, que nos momentos que mais preciso, ela sempre está disposta a me ajudar.
Eu queria pôr o nome de todos os amigos e amigas que fiz aqui neste lugar, mas infelizmente um caderno seria pouco. Queria também agradecer a oportunidade que o jornal Recomeço me dá.
Quero falar para a minha esposa Natália que, para mim, ela significa mais do que uma esposa. Depois de Deus, ela e minha filha Sara, que está para chegar neste mundo, são meu tudo. Bom, queria falar que amo demais vocês, Natalia e Sara.
(Continuação da edição 132)

16 de jun. de 2007

Mito sobre a prisão

Alegação de inocência
Uma das inverdades sobre o sistema carcerário é que os presos alegam sempre que são inocentes. Isso é uma daquelas falácias que de tanto serem repetidas tornam-se verdades absolutas sem questionamento sobre a veracidade da informação.
Nesses seis anos de jornal Recomeço, nos quais publicamos cerca de 1.500 textos dos detentos, somando todas as edições, nunca deparamos com algum deles negando seu delito. Ao contrário, são extremamente humildes na aceitação da prisão e da condenação. Reclamam, sim, com toda razão, das condições desumanas da cadeia e da injustiça na extensão da pena, com sentenças diferentes para o mesmo artigo penal. Assistem aos que podem pagar advogados serem liberados enquanto os carentes amargam o abandono e até a desinformação sobre seu processo.

O texto abaixo, de uma detenta, é um exemplo da negação deste mito. Vejam a humildade com ela que assume o seu erro e o sentimento de culpa diante da dor que causou aos familiares, ao mesmo tempo em que descreve o arrependimento do seu ato. Quem nos dera se os homens públicos (e privados) deste país tivessem essa decência.

Ultrapassei meus limites

Maria Aparecida de Paula

Ultrapassei o meu limite de confiança e respeito.
Eu mesma permiti que isso acontecesse e agora eu me encontro no cárcere. Eu estava com a mente voltada para as coisas ruins, parecia não ser eu e não era, porque eu nunca pensei da forma que agi e fiz. Eu penso que não era eu. Eu sempre fui contra a violência, roubo, tráfico. Eu falava que nunca iria parar num lugar como este. Que destino!
Estou pagando por falar com minhas filhas: “Não se metam com viciados, com quem tem passagem pela polícia, pela cadeia”. Eu não permitia, tinha um certo preconceito, que destino!
Hoje estou neste lugar convivendo com pessoas que discriminei e agora vejo tudo de outra forma. Aqui é uma escola e tive vários aprendizados, convivo com pessoas de todo tipo e cada uma tem suas histórias.
Neste tempo que estou aqui, já se passou muita gente e cada um com uma história, um significado que a gente vai aprendendo a cada dia. Eu vivo a mesma história, dividindo um pequeno espaço com elas que passam por aqui. E eu que tenho agora de conviver com tudo aquilo que falei, discriminei e julguei, me sinto humilhada, arrependida, arrasada e julgada.
E eu que humilhei, julguei, arrasei tantas outras pessoas e, principalmente, os meus familiares, pessoas que me respeitavam e consideravam.
Estou decepcionada comigo mesma por ter sido tão ignorante, tão egoísta, não pensei no estrago que fiz na vida de tanta gente. A cada dia, eu me arrependo mais e mais de tudo que fiz.
O conselho que dou: nunca queira passar por este lugar, é humilhante, constrangedor, tenebroso. Quando estiver com a sua mente atordoada, voltada para fazer coisas ruins, pare, medita e pense, não deixe a sua mente te dominar. Senão você pode parar num lugar como este. E ser discriminada pela sociedade. E aqueles amigos que diziam que eram seus amigos não existirão mais. Aqui tem tanta gente, mas mesmo assim me sinto sozinha. Todos aqueles que me adoravam, hoje me abominam, me desprezam, e me julgam.
“Não deseje o mal ao seu próximo porque o mal pode se voltar contra você”, assim como aconteceu comigo.

Direitos Humanos

Maycon da Silva Vicente

Convite

Venho respeitosamente fazer um convite a algum representante dos Direitos Humanos para fazer uma visita à Cadeia de Leopoldina. Para que possa ver as condições que nós, presos, vivemos (uma cela que tem capacidade para 6, tem 20) e muitos com a cadeia vencida ou até mesmo vencendo beneficio.
Não temos um pátio decente para ficar com nossos familiares e outras coisas mais que não estamos tendo. Mais um exemplo: o preso no semi-aberto nem sai da cela.
Ao jornal Recomeço, meu agradecimento pelo espaço e que Deus abençoe a todos, inclusive a irmã Beth por estar sempre nos dando a maior força. Obrigado.

15 de jun. de 2007

Indignação

O prof. Fernando Mascote, de BH, indignou-se com os relatos dos presos no jornal Recomeço e publicou um grito de alerta em seu site http://www.massote.pro.br/, a seguir:

Parabéns para o jornal Recomeço

"O Estado que assim se comporta é que está fora da lei."

Vocês prestam um serviço de inestimável valor à sociedade mineira e nacional. Os relatos pungentes destes detentos, de Leopoldina e Cataguases, são denúncias alarmantes do estado de barbárie em que se encontra o Estado em nossa Minas Gerais e no Brasil.
A situação de desumanidade em que vivem os denunciantes é intolerável e deveria inquietar todos os que lidam com os assuntos da sociedade e do Estado em Minas Gerais e no Brasil.
Vocês editores deste jornal cidadão é que mereceriam a Medalha da Inconfidência que o governador marketeiro Aécio Neves distribui no dia 21 de abril a muitos dos seus apaniguados. Se for feito um levantamento e/ou pesquisa isenta sobre os que receberam esta medalha das mãos do governador, a maior honorificência mineira será certamente depreciada.O Estado não tem o direito de tratar desta forma mais que ignóbil os reclusos da lei! O Estado que assim se comporta é que está fora da lei.
Precisamos de medidas legais, judiciais e de mobilizações políticas que ponham fim a estas situações degradantes. O quadro denunciado pelo seu jornal fere fundo a democracia em Minas Gerais e no Brasil. É muito deprimente pensar que estes fatos de Cataguases e Leopoldina, muito lamentavelmente, não são casos isolados mas a regra num sem número de situações em nosso país!

Prof. Fernando Massoteblog: www.massote.pro.br

14 de jun. de 2007

6 anos do Recomeço

Edição 132 - Junho de 2007

Neste mês, o jornal Recomeço completa 6 anos de publicação, tendo iniciado em junho de 2001. Todas as edições anteriores estão no site http://www.jornalrecomeco.com/, onde o jornal é publicado em sua forma impressa. Seguem, a partir desta postagem, o textos dos detentos da edição 132, iniciando com Samuel Teodoro, que faz uma série de agradecimentos, um deles à escritora Giulia Pierro que, na edição anterior, enviou uma mensagem de ânimo e esperança para o Samuel e a outros detentos. Eles têm essa característica muito interessante e comovente: são incrivelmente gratos a qualquer gesto de afeição e solidariedade. E, mesmo com todo sofrimento da prisão e o estigma que os espera, manifestam sempre otimismo e esperança de recomeçar uma nova vida.

SAMUEL TEODORO

Agradecimento

Agradeço primeiro a Deus, em nome de Jesus, por ele me conceder a saúde que eu tenho, pela vida que me deu e pela oportunidade de servi-lo com todo o meu amor.Obrigado, Senhor, por fazer de mim um vaso precioso.
Agradeço a escritora de São Paulo–SP, a senhora Giulia Pierro, pelas palavras que me emocionaram. São pessoas como a senhora que nos dão mais ênfase para poder continuar a lutar pelos meus ideais. Obrigado pelo seu reconhecimento.
Agradeço a Nosso Senhor pela família que tenho, aos meus irmãos Daniel, Aldeone e Fernando, e ao meu filho Jhonatan Simões. E em especial a minha mãezinha a qual eu tenho orgulho de tê-la como mãe.
Mãe, abaixo de Deus, você é a minha pedra mais preciosa deste universo. Obrigado por existir e ser a minha mãe. Esta é a minha família abençoada por Deus.

Mulher maravilha

A minha homenagem é para Elizabeth, a irmã Beth.
Minha amada irmã Beth, é muito difícil encontrar uma palavra que possa definir tudo o que você representa para mim. Também pudera, uma pessoa tão especial como você é difícil mesmo encontrar algo que possa compará-la.
Vocês devem estar se perguntando: quem é esta mulher?
Bom, eu vou contar um pouquinho da vida desta mulher tão abençoada por Deus.
A irmã Beth é uma mulher determinada às razões sociais que ela dedica sua vida ajudando os menos favorecidos. Ela cuida de uma casa de menores abandonados que se chama Casa Lar de Apoio a Criança e ao Adolescente.
Ela tem uma super missão que é visitar os detentos da cadeia de Leopoldina e de Cataguases, ela se esforça o máximo para ajudar os presos. Estas são as suas prioridades.
Isto faz dela uma mulher abençoada por Deus.
Bom, vocês conhecerão o que esta mulher representa para nós, detentos.
Minha amada irmã, agora eu sei com que palavra vou te homenagear: Você é uma MULHER MARAVILHA!
Obrigado pela sua existência, eu me orgulho muito de tê-la como minha amiga e irmã em Cristo Jesus. Parabéns pelo que você representa para nós, que Deus, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo possa te abençoar todos os dias de sua vida. Amém.
E lembre-se que estas palavras que escrevi, elas não são nada comparado ao que você representa para mim.
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Nota dos editores
O conteúdo dos textos é mantido na íntegra, só fazemos as correções mais necessárias para o entendimento do leitor. Os detentos, em geral, são muito religiosos, a maioria evangélica. Daí, mantermos as expressões de crença religiosa, embora o jornal Recomeço não tenha cunho religioso. Respeitamos a cultura dos presos, não fazemos nenhuma censura a relatos e expressões que retratam sua visão do mundo, de acordo com suas experiências de vida.

13 de jun. de 2007

Isso, sim, é violência!


Energia: novo abuso

A ANEEL autorizou mais um aumento na tarifa da Companhia Força e Luz Cataguazes Leopoldina, para iniciar na próxima segunda-feira. E os pobres, como sempre, os mais prejudicados: os consumidores residenciais têm aumento maior do que para as indústrias.

Já noticiei aqui neste espaço que as concessionárias de energia mineiras são a segunda tarifa mais cara do país. Como admitir que ainda haja mais aumento? O que a ANEEL e o governador de Minas Gerais querem? Que os pobres vivam no escuro? E sem acesso ao mínimo de eletrodomésticos como um chuveiro, uma televisão? Que fazem esses deputados que tanto correm atrás dos pobres para se elegerem? Será que nem um protesto tímido para enfrentar as concessionárias?

Isso, sim, merecia aquele protesto que fizeram quando o Bush veio ao Brasil, que levou milhares de brasileiros às ruas. Mas, como sabemos, protestar contra tarifa de energia não é nada chique, é coisa de pobre. Classe média para cima não se ressente de pagar mais alguns reais, que significam no conjunto, milhões para as companhias, que deitam e rolam.
LUZ PARA TODOS???
Eu protesto, e grito o mais que posso, porque deparo com famílias cheias de crianças sem ter como pagar a conta de luz. Na periferia, está todo mundo desempregado, não há dinheiro para luz, água, gás e alimentação. Vivemos rodeados de miséria e ela bate em nossa porta em forma de violência. Aí, fazem passeata, vestem-se de branco, plantam cruzes e flores na praia, fazem declarações hipócritas e piegas na imprensa: "não temos segurança" e mais aquele chavão: "enquanto os bandidos estão livres, estamos presos em nossas casas".

Pois saiam de suas casas, se querem diminuir a violência, toquem nas causas, usem o dinheiro das cruzes, das flores, das roupas brancas para amenizar a fome. Protestem contra a exploração das tarifas de luz e água. Do telefone, não precisa, telefone é opcional, não pode pagar, corta, não mata ninguém.

Mas a fome mata, e leva ao desespero, e à violência. A fome de comida, de educação, de oportunidade, de emprego, de dignidade, de cidadania, de auto-estima, leva o nosso povo à degradação do ser humano. Ele perde a sua condição humana e passa a agir como um animal irracional, movido pelo sofrimento de suas carências vitais.

Vejo meus pares de classe, gastarem fortunas com decoração de casa, carros, festas, viagens, roupas de marcas para os filhos, mas quando pedimos uma mísera ajuda para a Casa Lar, que abriga "menores" no abandono, para os projetos com crianças e famílias na periferia, para doação de alimentos a famílias com nada dentro de casa, ouve-se apenas o silêncio do egoísmo e da indiferença.
Como disse alguém: "Mineiro só é solidário no câncer".

E a ANEEL, que deveria defender os interesses do povo, é altamente solidária com as "pobres concessionárias" de energia, cujos donos, presidentes e acionistas vivem no luxo e na riqueza à custa da miséria do povo.

8 de jun. de 2007

Detentos de Leopoldina

SOS SOCIEDADE

Aos Senhores Juizes, Promotores, Defensoria Pública e Sociedade local

Por que os defensores públicos, os juízes e promotores não nos visitam? A presença dos senhores em nossa comunidade carcerária é muito importantes para nós, detentos. Porque assim, os senhores poderão ver o que realmente se passa dentro de uma unidade prisional. Eu vou citar alguns dos problemas que nós enfrentamos e que nos afligem neste lugar.

1- Convivemos com pessoas com total insanidade mental no meio de nós, pessoas que eram para estar internados em uma clínica tendo tratamento especial, mas não estão. Nós perguntamos: “O que falta para que tomem providências a respeito dessas pessoas?”.

2- Nós temos companheiros de cela que já estão devidamente com suas cadeias pagas, já vencendo a liberdade e continuam presos. Pessoas condenadas a regime aberto e semi-aberto, mas a falta de condições financeiras impede que eles possam receber os seus benefícios. E ai fica mofando na prisão esperando só pela ajuda de Deus. Até quando vamos conviver com esta falta de humanidade? Isto nos faz crer que só ficam presos os mais carentes e os que não têm a mínima condição de pagar um advogado. Muitos falam: “Ah, mas eles têm a defensoria pública”. Realmente temos a defensoria, mas eles nunca vieram saber como estão passando os seus clientes, alguns dos nossos colegas não têm nem um defensor, isso nos deixa indignados, com esta falta de entusiasmo das autoridades responsáveis.

3- As condições de higiene são catastróficas, nos faltam vassouras, rodos, sabão, enfim material de limpeza. Nós temos aqui uma criação de ratazanas fantástica, só vendo para crer. Sabe o que é isso, caro leitor? É a falta de dedetização, isso faz com que multiplique a nossa criação.

4- ALIMENTAÇÃO: gostaríamos de convidar algumas pessoas para se deliciar com a nossa comida que é (saborooosa) Vou citar o nosso cardápio que é “sempre variado”, de segunda a sexta feira.
Segunda-feira: moela de galinha. De brinde, a capa da moela e repolho, arroz empelotado, sem sal. Feijão pré-cosido sem caldo.
Terça-feira: carne moída, ou seja, sebo com nervo moído, sem sal, batata doce ou às vezes abobrinha pré-cozida, arroz empelotado sem sal, o feijão e o arroz sempre assim.
Quinta e Sexta feira - geralmente vem mistura de rapa de frango, ou seja, sobras de um frango.
Aos sábados e domingos o cardápio é “especial”. Sábado no almoço, feijonada (feijão com nada). De brinde vem pé, orelha e pele com bastante gordura e pelo (sem sal) e na janta macarrão e salsicha.
Domingo: almoço carne de ...?????? Bom, eu não sei bem como explicar, mas "parece" carne. Jantar lingüiça “asia” e não Sadia.
Devem estar pensando que estamos inventando, mas basta você experimentar que você não vai mais querer comer outra comida senão a nossa. Ë por isso que apelamos: SOS SOCIEDADE.

3 de jun. de 2007

Apelo dos menores

  • Textos dos detentos de Cataguases

Apelo dos menores detentos da Cadeia de Cataguases

Vimos apelar nesta simples carta pela atenção das autoridades. Estamos cientes do erro que nós cometemos e estamos pagando por eles. Mas nós sabemos que também existem benefícios a nosso favor, mas não recebemos nenhum deles.
Na nossa condenação veio escrito que nos íamos ficar internados por um certo prazo indeterminado com direito a tratamento diferenciado. Mas nós não temos nenhum tipo de tratamento que está na lei.
Estamos dormindo no chão frio, em uma cela pequena e apertada que não tem nem uma pia para podermos escovar os dentes direito,
nenhuma cama, e no chão onde dormimos encontramos sanguessugas, ratos e baratas.
Pedimos a vossa Autoridade que analise a nossa conduta e que nos dê um voto de confiança para que possamos ter um beneficio de um serviço comunitário e passar o Dia das Mães e o Natal com nossa família, pois viram que voltamos no dia combinado, porque queremos nos reintegrar de bem com a sociedade.
O nosso objetivo é poder sair tranqüilamente para poder arrumar serviço e ajudar a nossa família que se encontra passando dificuldade na rua.
Ficamos agradecidos pela atenção de vossas autoridades, pois hoje temos o total controle sobre os nossos atos e estamos com a mente totalmente recuperada e voltada apenas para fazer a bem à sociedade.
Mais uma vez agradecemos.


* Cristiano Cimas
Que a sociedade nos dê uma nova chance

São sentimentos de quem errou no passado, mas hoje luta para conseguir uma segunda chance.
Venho através dessas palavras a fim de expressar os meus sentimentos. Meu nome é Cristiano Cimas, tenho 28 anos sou detento da Cadeia.Pública de Cataguases. Já fui casado, tenho um filho maravilhoso, para o qual pretendo oferecer um futuro produtivo e criativo. Sou natural de São Paulo. Após a morte de minha mãe vim para Cataguases, tive alguns momentos em que me senti oprimido pela saudade, mas não me deram uma chance de crescer, acabei cometendo um delito pelo qual estou pagando e quase saindo. Mas, ao mesmo tempo, eu me preocupo, pois nós, detentos, somos excluídos da sociedade. Deixo essa pergunta a toda a sociedade e gostaria de uma resposta:
Nos detentos merecemos uma nova chance? E reintegrar-se à sociedade sem discriminação?
Prezados leitores do JR, saibam também que a força divina é superior a tudo, por isso entrego a minha vida na mão de Deus, ele é o meu pai protetor.
Peço desculpas pelas palavras, mas eu precisava desabafar com a sociedade, pois eu gostaria de reintegrar-me novamente à sociedade. São sentimentos de quem errou no passado, mas hoje luta para conseguir uma segunda chance, mas só depende da sociedade. Obrigado pela atenção de vocês, fiquem todos com Deus.
* Paulo Cesar Rodrigues De Abreu
(sem título)
Meu nome é Paulo Sérgio Rodrigues de Abreu, estou preso por praticar um furto. Fui atropelado, tenho dois parafusos no joelho e isso acabou comigo, não posso carregar peso e não tenho como trabalhar. Tenho duas filhas Anike de um 1 ano e 2 meses e a Munike de 2 meses, que precisam de leite e fraldas, e isto foi o motivo que pratiquei tal ato.
Hoje, na prisão, faço flores de papel crepom e coloco dentro de garrafas pet e faço também jarros de flores. Preciso sustentar minha família que depende de mim. Decidi que nunca mais vou fazer coisas que desagradam a Deus.
Preciso de papel crepom de várias cores, principalmente verde, de cola e papel camurça verde e vermelho. Quem puder me ajudar, tenho certeza que Deus vai lhe recompensar.
Agradeço a todos e fiquem com Deus.


Apelo para doação de livros
John Lenon, da cela 5 B, é um dos recuperandos que mais gosta de ler, e gostaria de ler os seguinte livros:
Machado de Assis - Quincas Borba, Esaú e Jacó
Eça de Queiroz – O Primo Basílio
Julio Verne- qualquer livro do autor.
Jorge Amado – qualquer livro do autor.
Miguel de Cervantes – Dom Quixote
Se alguém quiser fazer a doação dos livros, entrar em contato com o telefone ou endereço no expediente do jornal Recomeço, ou pelo e-mail jrecomeco@uol.com.br
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Nota
Os textos publicados são da edição 131 do jornal Recomeço, maio de 2007. O jornal impresso é reproduzido, na íntegra, no site http://www.jornalrecomeco.com/, onde estão todas as edições anteriores desde o ano de 2001.

Textos dos detentos

Da Unidade prisional de Leopoldina

Samuel Teodoro
Falta solidariedade


No meio da comunidade carente, nós encontramos, pessoas inteligentes, artistas, atletas, cantores, só esperando uma oportunidade de mostrar as suas qualidades profissionais.
Caro leitor, hoje vamos falar de algo muito importante, sobre a vida social. Muitas pessoas da alta sociedade não se preocupam com os mais necessitados, que convivem no meio de nós. Algumas pessoas nasceram em berço de ouro e outras, que por sorte alcançaram riquezas sem ter que se esforçar, estes tais vivem uma vida social sem ter a preocupação de ajudar as pessoas mais carentes, até mesmo nem pensam que um dia o reinado acabará.
Mas o lado obscuro da vida medíocre a qual a alta sociedade faz vista grossa, ou seja, vê e finge que não vê, porque se preocupa tanto com a aparência, que pisa nos menos favorecidos. Esquecendo que são pessoas carentes e acima de tudo humanas, que não tiveram a mesma sorte que muitos tiveram na vida. Pessoas que sofrem com a fome, com o desemprego, e sempre sonhando com uma vida mais digna de se viver, mas sabendo também que com esta diferença social jamais poderá superar os obstáculos.
A falta de oportunidade de emprego é muito grande. Pois muitas dessas pessoas carentes não têm a mínima chance de ter um emprego, pois até mesmo para trabalhar como gari, precisa ter um certo grau de escolaridade. Hoje em dia, se uma pessoa não tiver de um a cinco anos de experiência profissional, não arruma emprego em lugar algum.
Até quando vamos conviver com esta falta de humanidade, com esta diferença social? Se cada um de nós fizer um pouco pelas pessoas carentes, ai sim mudará um pouco o rumo desta realidade e desigualdade.
É óbvio que não conseguiremos mudar o mundo, mas se você ajudar uma família que precisa de alimento, roupas, calçados e até mesmo um emprego, você vai ver o quanto é gratificante saber que você trouxe uma alegria pra esta família.
Se você tem condições de dar uma cesta básica, dê, de dar um emprego pra um chefe de família, dê, de doar materiais escolares, doe, então se você tem uma casa de material de construção, doe um saco de cimento, um metro de areia ou qualquer coisa para erguer uma casa. Eu tenho certeza que Deus lhe dará tudo em dobro, pode crer nisso.
Você deve estar pensando que eu sou um socialista, posso até ser, basta querer lutar para que as pessoas esquecidas pela sociedade possam viver com mais dignidade diante de todos. No meio da comunidade carente, nós encontramos, pessoas inteligentes, artistas, atletas, cantores, só esperando uma oportunidade de mostrar as suas qualidades profissionais.
Mas esta oportunidade é só você quem pode dar. Experimente, dê uma chance essas pessoas que tanto precisam de sua ajuda, não há dinheiro no mundo que pague, você sentir a sensação de ver um sorriso de uma pessoa que tanto precisava de você.
Eu quero lhe agradecer e ao mesmo tempo pedir desculpas pelo meu desabafo, e dizer pra você, que o lugar pra onde vamos um dia, lá não existe desigualdade social e nem racial.

Paulo Sérgio
Momentos da vinha vida


Existe momento em nossa vida que temos uma oportunidade e não aproveitamos porque estamos completamente cegos e não conseguimos obter tudo que sonhamos.
Então procuramos realizá-lo, mas já é tarde e não temos mais a mesma idade, e isto é fundamental. Mesmo assim insistimos em obter sempre o sonho que fica em nossa mente, porque quando acordamos para a realidade batemos de frente com um mundo que não podemos sonhar.
Só que até mesmo para trabalharmos é preciso ter muita força de vontade ou ter algum estudo, pois a maioria de nós não tem.
O que temos é muita força para romper as barreiras que temos pela frente, porque se pecamos e não tentamos corrigir, cairemos em um lugar que aí não adianta sonhar.
E às vezes passamos por situação que somente Deus que pode nos ajudar. Às vezes temos que tomar decisões que às vezes não queremos, mas só sei que sabemos que temos um Deus que está sempre ao nosso lado.
E tenho a convicção que Deus jamais me desampara e isso me dá força, paz, coragem e determinação.
Hoje, infelizmente, sofremos com o desemprego em nossa sociedade que prejudica o pai de família que quer tanto tratar de seus filhos.
Até quando vamos conviver com este problema que leva muitos pais de família ao crime?
E ai as coisas se tornarão ruins para este chefe de família quando ele querer voltar atrás e será tarde demais.
O criminoso começa com pequenos delitos até se tornarem maiores. Mas não percebe que na sua frente esta abrindo um imenso buraco que não pode fechar.
Então ele fica mais desesperado a ponto de andar armado com arma de fogo. Ele não sabe mais do seu destino, se é morrer ou viver.
Mas, se por ventura, ele for detido em prisão, ele ainda terá a oportunidade de se reintegrar à sociedade e pode até conseguir um trabalho honesto para criar os seus filhos.
Mas tem uma outra saída para a nossa vida que é aceitar Jesus e terá uma vida espiritual mais cheia de esperança.
Mas se algum dia você tiver a oportunidade de mudar sua vida não a desperdice. Porque pode ser a primeira e a última. Se em algum desses assaltos você for atingido por uma bala e morrer, ai é o fim. Pense bem, meu amigo, a vida do crime não compensa.

Márcio Inácio
A justiça não vê que sou uma nova pessoa


Eu, Márcio, venho escrever para este jornal Recomeço com as melhores formas de expressar para todos os detentos que vêm aqui escrever. Apesar de todo esse tempo que passamos aqui, presos pelo que fizemos, é certo. Mas o que a Justiça fez a minha pessoa, que antes não pensava num futuro melhor, mas essa pessoa agora estava com sua família e a Justiça me pôs nessa em que me encontro ‘’Preso’’. Não tenho como pedir um favor a minha família para me ajudar porque sou sozinho e aguardo a obra de Deus. E vou ter muita fé em Deus que a Justiça Divina tarda, mas não falha.
E peço que, quem puder me retribuir com uma ajuda ficarei grato com sua pessoa, por nem me conhecer e oferecer a sua ajuda. Que Deus esteja convosco.
Rafael Silva Rodrigues
Daqui pra frente, tudo vai ser diferente...

Tenho 22 anos e estou atualmente preso na Cadeia de Leopoldina. Quanto tempo eu estou pagando? Mais de 2000 dias... Já imaginou quantas coisas eu já perdi lá no mundão, mas tudo isso só me fez mal.
Eu já aprontei pra caramba na rua, na liberdade, aí eu caí preso, mas não parei de aprontar, continuei porque comecei a pensar “se já estou preso mesmo, que diferença faz”? Eu já bati em caras que por pouco não morreram e isso me encheu de cadeia, mas creio que Deus trabalhou na minha vida e não deixou eles morressem. Foi tudo muito doido, as coisas foram ficando fora do controle, eu já não conseguia parar de aprontar até que eu acabei arrumando mais cadeia pra mim. E eu não me sinto orgulhoso com tudo que fiz. Agora, eu só quero fazer tudo diferente, vou mudar esse quadro, quero voltar para a minha família, porque se eu me deixasse levar pelo que eles queriam pra mim, minha vida não teria sido assim.
Vou terminar essas palavras deixando um agradecimento na oportunidade de poder expressar meus pensamentos e agradeço ao jornal Recomeço.

Reinaldo Ferreira Moraes
Às autoridades


Venho por meio deste jornal levar ao conhecimento da justiça respeitosamente a comunicação que minha condenação se encontra devidamente e integralmente cumprida no dia 27 de abril de 2007. Sou condenado há seis anos e 11 meses, preso em 19 de fevereiro de 2000, solto em 20 de agosto de 2004, sob liberdade condicional, preso novamente em 27 de novembro de 2004 por cometer crime previsto nas sanções do art. 171 e 16 do CPB, onde revogou minha condicional, tendo que cumprir todo o restante da pena. As condenações por esses dois crimes ocorreram na cidade de Cataguases, onde a justiça por seus justos motivos me concedeu a extinção de pena, ou seja, acabei minha condenação não havendo nenhum outro processo ou mandado de prisão contra mim.
Meu comportamento carcerário é exemplar desde quando dei entrada a essa unidade prisional, podendo ser visto através de meu atestado carcerário. Enfim informo que permaneci apenas três meses em liberdade de 2000 até esse ano de 2007.
Peço ao Juiz que, por favor, me conceda essa saída onde assumo cumprir na forma da lei meus deveres de um homem honesto e recuperado ao sair daqui.
Desde “já meus agradecimentos ao MM Juiz de direito em exercício no cargo e na norma da lei”.
Muito obrigado. Atenciosamente

Klotild Guimares Pinto
DEPENDÊNCIA


Estou há um ano e 8 meses detido e qual é a conclusão disto tudo? Ë que eu era um viciado que comercializava para manter o meu próprio vício, vendia o que usava. Muitos sustentam seus vícios roubando, trabalhando, pedindo trocando tudo, seus bens materiais, e eu comercializava. Aí vem uma autoridade e diz que o traficante vicia menores. E quem me viciou quando eu era menor?
A droga não vai atrás do viciado, o viciado é que vai atrás dela, às vezes é até apresentado a ela pela sua curiosidade e pelos próprios familiares. Às vezes, por ser inibido, tímido e vai atrás de desinibir, perder a timidez. Ao contrário do que muitos pensam, o traficante é como um comerciante que vende cigarros e álcool, que não avisa e nem oferece que tem, simplesmente o dependente sabe e vai lá comprar. O que as autoridades desconhecem é que nas estatísticas os menores são os maiores consumidores, são os que procuram mais. Mas como fazer? Pedir carteira de identidade, autorização dos pais ou responsável? O que fazer se o tráfico de drogas é uma realidade, se o viciado de hoje é o traficante do amanhã? Se o viciado é doente, o traficante não pode ser médico, mais um doente em potencial, se o viciado é o parasita, o traficante deve ser o hospedeiro?
A hipocrisia é tão grande que ninguém enxerga a verdade de que vender ou usar devem ser considerados ambos uma doença social.
Ë claro que existem outras formas de fugir desta rejeição social, dos problemas e das angústias, que as condições boas ou ruins que a vida traz como: trabalhar, estudar, ler, escrever e etc... Mas a droga hoje chega pela internet, nas salas de bate papos é até mais fácil conhecê-la. Quando eu comecei, não tinha essa facilidade, era quase impossível e tornava ela mais saborosa e destrutível. Hoje ela é fatal, inconseqüente e destrutível. Chegam até a acusar a droga pelos crimes mais hediondos, só que eu conheço pessoas que cometem grandes delitos e não usam drogas e outros que pensam em cometer, mas ao usar drogas desistem. Isso não é uma defesa ou uma critica contra, é só uma observação para quem quer saber da realidade e da verdade nua e crua sobre a droga, isso em parte, porque neste mundo tem muito mais.
Natural, sintética, refinada, favela, condomínio, barracos, ruas, bailes festas solitário, reuniões, em tudo ela esta presente. Seja pra dormir, coar, fumar, cheirar, enrolados, com ou sem receita médica, autorizada pelo ministério da saúde ou não, sempre tem uma droga pra solucionar. Tratamento, força de vontade, ajuda social, dependência, tudo é conseqüência pra desintoxicar ou ate mesmo viciar as pessoas. A droga é como o amor: constrói ou destrói. A escolha é sua, o traficante é como o cupido, flecha, mas a conseqüência é nossa.

Mauro de Oliveira Barbosa
Agradecimento


Eu, Mauro de Oliveira Barbosa, venho por meio desta escrita agradecer à Pastoral Carcerária que vem nos trazer a palavra de Deus e nos dar atenção aqui na cadeia onde nos encontramos privados de liberdade. Quero agradecer a Dona Dalva, a Dona Santinha, D.Maria, D. Clarice e ao sr. Clóvis por tudo que ele faz para nós aqui no sistema. Que Deus possa estar sempre na vida de vocês e seus familiares, meus votos de estima.
Para minha filha
Para Mayara, minha filha que eu amo muito. Olha, filha, cada dia que passa eu fico pensando muito em você e no mesmo instante quero que continue no estudo, olha aqui está muito difícil para mim, mas não impossível. Estou lutando para sair deste lugar para lhe dar toda a minha benção e poder cuidar melhor de você, minha princesinha. Como você faz falta para mim! Saiba que o que eu tenho e o que me resta é o seu futuro. Não quero que você me culpe, pois estou pagando pelos meus erros. Assim que eu sair, conversamos melhor. Fica com Deus, te amo muito mesmo, um abraço estou cheio de saudade minha filha.
Seu pai Mauro.
(Agradeço pelo espaço, e também por estar recomeçando novamente, a toda a equipe deste maravilhoso jornal, muito obrigado. Atenciosamente, Mauro.)

Erwin Romel Gouvea Pontes
Apelo

Venho mais uma vez falar da minha situação aqui na cadeia, estou condenado à pena de seis anos no art 157 e estou pagando três anos e sete meses. Não tenho condições de pagar advogado para poder entrar com pedido de condicional, peço a algum advogado que o faça para mim, já estou pagando cadeia demais e não sou o que a sociedade pensa. Espero que alguém possa me ajudar a sair deste lugar. Aguardo resposta.
Fico agradecido por este maravilhoso jornal e a toda equipe, desde já meus votos de estima.