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28 de dez. de 2008

Poesia de domingo

SEGUE-ME
CORA CORALINA*


Presidiário, busca-me na solidão da tua cela
e eu te levarei no caminho da recuperação e da Paz.
Estou encostado a ti. Procura-me com o coração
daquele salteador condenado, a quem perdoei todos os crimes
pela força do arrependimento e esperança da salvação.
Chama por mim. Ouvirei o teu clamor.
Tomarei nas minhas tuas mãos armadas e farei de ti
um trabalhador pacífico da terra.
Segue-me.

Estou ao teu lado, sou tua sombra.
Abrirei os cárceres do teu espírito,
encherei de luz, não só tua cela escura,
senão, também, a cela escura do teu entendimento.
Segue-me.

Jovem, eu te livrarei do vício e do fracasso.
Da droga destruidora e te farei direito,
Pelos caminhos entortados.
Segue-me.

Quem chama por mim não cansa nunca.
Quando tardo, estou no caminho.
Farei leve a tua cruz.
Um Simão Cirineu, porei ao teu lado.
Desalentadas e descrentes.
Mulheres perdidas, viciados e criminosos.
Vos lavarei a todos na água do perdão,
se me procurardes de coração aberto.

Um ladrão, companheiro de minha cruz,
eu o levei ao Pai, peça força da palavra - Senhor, lembrai-vos
de mim quando estiverdes com vosso pai."
Eu o limpei de todos os erros e lhe foi dada a salvação.

Presidiário, que, roendo paredes e pedras,
ganhas a liberdade e voltas de novo à prisão
que abristes com a pua da tua vontade.
Se me seguires, nunca mais voltará à prisão,
porque te porei nos meus caminhos.
Darei luz à tua cela escura e farei iluminada
a cela mais escura do teu espírito.
Segue-me.

Todos os perdidos da vida.
Não vim ao mundo para os que estão salvos,
e sim para os enfermos.
Farei de ti a candeia acesa,
guiando a caminhada dos cegos.

Senhor, os privilegiados, cerradas suas oiças
à palavra da renovação, davam-lhe as costas.
Não podiam suportar aquelas verdades da palavra nova,
e dissestes a um discípulo ao vosso lado:
"Tu também queres me deixar?"
Este respondeu:
"Senhor, aonde irei sem vós? Tendes palavra de vida eterna."
Jesus, eu sou aquele cego, surdo e mudo.
Tropeço nos caminhos errados.
Minha fé é frágil, o mundo me domina.
Sustentai a minha fé.
Senhor! Aonde irei sem vós?...
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*Poetisa goiana
Livro "Vintém de Cobre" - Ed. Universidade Federal de Goiás, 1985. p.205, 206

4 comentários:

  1. Anônimo29/12/08

    Glória, que linda poesia. Cora Coralina é de uma sensibilidade sem par. Pena que anda meio esquecida. Brasileiro tem memória curta mesmo.

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  2. Anônimo6/1/09

    cool blog

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  3. Anônimo6/1/09

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