FERRÉZ e a Tropa DAS ELITE
O Estado brasileiro comete, aceita, orienta e permite os homicídios. É, portanto, homicida por sua própria natureza. Apenas símios engravatados com as insígnias das corporações nos peitos (até nos siliconados) e nos cérebros. Serviçais uniformizados e paranóicos.
Em qualquer lugar no qual esteja publicado um escrito desse brasileiro, eu o buscarei. Aliás, quanto aos detentores dos meios de comunicação jamais, sob hipótese nenhuma, aplicam o dever de publicação da opinião pública. O máximo que fazem é dedicar um espaço aos "leitores" que devem exprimir sua opinião "respeitando as autoridades constituídas, as instituições, incluindo-se a Igreja e o Estado demo-crático de direito’. Se não se exprimem "como ditam suas políticas" simplesmente não são publicados sem qualquer satisfação a ninguém, tampouco àquele que enviou a mensagem. Por outro lado, usam os tais espaços dos leitores para proceder pesquisas de opinião e, muitas vezes, copiam elementos para modernizar o pensamento do jornal. Evidentemente sem qualquer pagamento de direitos autorais. São apenas leitores. A opinião pública, a grande falácia da liberdade demo-crática, não passa, enfim, de opinião publicada. Portanto, o quarto poder com suas tropas de jornalistas e colunistas e propagandistas e escritores-mercadores-vendedores se estabelecem, também, como tropas.
Leia-se no dicionário o sentido da palavra tropa. O cotidiano mórbido dos meios de comunicação, com suas pedofilias, impunidades, sobretudo, sua apologia aos mais variados crimes caracteriza os jornalistas, articulistas e os chamados repórteres, como uma das tropas subalternadas das elite, estejam elas no status que estiverem. Ferréz cometeu apologia ao crime? Hã, hã! Então conclui-se que até mesmo nas escrituras o "outro" será penalizado. É proibido criar a partir do caos? É proibido confirmar que alguns, embora situados nas camadas inferiores do triângulo hierárquico do poder, estão com seus olhos abertos, seus ouvidos limpos e suas mãos prontas para exercitar o pensamento, a racionalidade? É proibido, por meio da arte da escrita apresentar aos leitores a prova da possibilidade da razão humana?
Ferréz cada dia melhor. Ferréz é um escritor. Ferréz é um psicólogo social. Ferréz é um sociólogo. Ferréz é um cientista social. Ferréz é um filósofo. Ferréz é uma esperança ao que a civilização entendeu como animal racional. Ferréz é a prova de que a linguagem pode ser a flecha cujo alvo é a consciência humana. Os escritos desse rapaz poderiam, se permitissem, nos remeter ao que há de mais valoroso no ser humano: sua capacidade de ultrapassar a inércia, o comodismo, o medo. Férrez não escreve como os notórios, tampouco para aqueles que buscam, através da escrita a manutenção de sua notoriedade; notoriedade esta que os privam da luta diária pelo pão. Seus senhores não os deixam sofrer o infortúnio das necessidades, sequer a necessidade da lucidez, mantendo-os constantemente sob ordens, explícitas ou implícitas. Excitados.
Férrez está fazendo história, os outros, diante dele, são simplórios . Perderam os pêlos, perderam o rabo, perderam as garras, perderam os caninos; todavia, por estarem presos num momento da história da bárbárie, sentem-se como aqueles que, tendo os membros extirpados, continuam a usá-los mentalmente, dilacerando corpos com suas garras. A inteligência, elo perdido entre o macaco e o homem, atua somente nos mitos das filosofias demasiadamente humanas. Escolásticas.
Os clãs construíram suas tropas e as denominaram de instituições religiosas, jurídicas, empresariais, políticas, governamentais. Depois, se autodenomiram elites: elites do poder, elites do judiciário, elites do empresariado, elites do jornalismo. Elites. Criaram um significado, imprimiram nos livros. Buscaram no populacho seus cães de guarda e a eles denomiraram tropas. Fornecendo o uniforme e a ração. Como se fossem cães. De guarda. Adestramento: direita...volver. Às vezes, esquerda, dependendo dos interesses colocados nas bolsas de "valores" do futuro. Em frente, marche. Apontar....Fogo!
Pedofilia, assassinatos, latrocínios dos clãs, impunidades, disseminação da violência, amoralidade administrativa, servilidade, medos, medos, medos. Isso queima. Queima como queimam as balas enviadas na direção dos corpos dóceis dos habitantes nos complexos do alemão, distribuídos por milhões de residências em todo o território nacional. Expectadores passivos. Atiram para todos os lados essas tropas das elite. São papagaios, repetidores, copiladores, jamais criadores. Serviçais, até na literatura. Apologia ao crime? Hã, hã!
Propagandear a impunidade não é apologia ao crime? Se eles podem cometer latrocínios com as agravantes da premeditaçao e dos motivos fúteis (roubar e matar milhões) sem punição, por que eu não posso furtar (sem violência) um relógio? Não será crime negar o poder das ciências e optar pela disseminação da dor? Não será crime manter crianças, jovens e adultos na ignorância de seu próprio corpo? Não será crime apoiar guerras? Tropas de jornalistas, tropas de professores, tropas de escritores, tropas de cientistas, tropas de empresários, tropas de juízes, tropas de padres e pastores com seus pensamentos uniformes e suas tropas uniformizadas. Apenas símios engravatados com as insígnias das corporações nos peitos (até nos siliconados) e nos cérebros. Serviçais uniformizados e paranóicos. Até para matar deveria existir uma razão. Os animais o sabem e são considerados irracionais. Rascunhos de seres racionais. Uniformes e uniformizados. Batinas ou togas, pouco importa. Co-autores de delitos contra a humanização da vida. Servis cumpridores de códigos de honra e de conduta dos bárbaros. Pobres coitados. Passam pelo planeta como formigas e, quiçá, nem às formigas podem ser comparados.
Um dia a pirâmide hierárquica será revolvida pelos "de baixo" e não haverá padres, polícias ou juízes que conseguirão manejar o populacho. "Sem os im-postos" do poder, a pirâmide não sustenta a ração (para cada tipo de tropa, um cardápio) diária das tropas uniformes e uniformizadas. Sem ração não haverá como justificar o crime com o diploma da representação popular. Os mortos-vivos sairão de seus túmulos e exigirão seu lugar na vida , criando uma nova história desvinculada da estória das elite. E os crimes estarão tipificados em lei, porquanto até hoje, nessa fazenda chamada Brazil, a norma legal não proibe matar. Ao contrário, faz apologia ao crime ao determinar no artigo 121 do Código Penal simplesmente a frase: Matar alguém Ponto e, imediatamente, passa a determinar as penas. O Estado brasileiro comete, aceita, orienta e permite os homicídios. É, portanto, homicida por sua própria natureza. Aceita o delito como um fato, como se todos nós partilhássemos desse lodaçal no qual insistem em se deliciar. E se escrevêssemos "é proibido matar?" e especificássemos tão somente as possibilidades do acontecimento, considerando a insistente barbárie? E se, ao invés de fazer apologia ao roubo, a norma jurídica afirmasse que "roubar é proibido?", quais seriam os doutos que conseguiriam fundamentar as defesas das quadrilhas institucionais? Apologia ao crime? Vamos colocar um pouco de inteligência e ciência nesta afirmativa. Direitinho, certinho, dentro das regras estabelecidas pelas academias e pelas prisões metodológias da falsa ciencia. Recolhamos os pedaços dos cadáveres de Aristóteles, Platão e Rousseau, os amados e assassinados filósofos da civilização. Não nos esqueçamos dos arqueólogos, dos biólogos e dos físicos. Então veremos o que quedaria do "direito penal para o inimigo", do "direito civil para o inimigo", enfim, com que armas teóricas a escolástica medieval justificaria seus crimes diários?
Não assisti ao filme. Respeito o cinema nacional, todavia, há de existir um momento na vida de uma pessoa no qual deverá optar pela maturidade e, para que se atinja a maturidade, necessário será responsabilizar-se por sua sanidade mental, e o primeiro passo, acredito - por enquanto - é abandonar a cegueira e tentar um ensaio sobre a lucidez. Ferréz tem a lucidez que falta aos escrevinhadores do sistema e o jornal foi feliz em usar esse artifício para chamar leitores e fazer propaganda gratuita pela web. Longa vida ao Férrez e que mantenha ereta a espinha dorsal, olhos abertos, ouvidos atentos, tato sensível e inteligência em constante desenvolvimento.
A verdade está sempre mais adiante e começa a se manifestar pela visão da realidade, individualmente, além do medo, além do bem e do mal.
Vera Lúcia Vassouras
Advogada
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Nota: Das elite - Neologismo oriundo do populacho, significando grupo de pessoas que não tem lucidez e, sendo assim, não sabe usar a própria língua com objetivo de propiciar o desenvolvimento da inteligência, podendo significar, ainda, uma nova forma de interpretação rápida da ignorância de membros de qualquer poder que seja exercido em contra o desenvolvimento da racionalidade. Exemplo: literatura das elite, senado das elite, congresso das elite, empresas das elite, justiça das elite, comunicação das elite, escolas das elite, poder das elite, etc. Pronuncia-se como : DAZELITE com o Z sibilado durante a verbalização, imitando-se a linguagem das cascavéis. Uso: deve ser empregado sempre que se pretenda fazer entender sem necessidade de justificação, sendo adequado, para que não se perca, de modo algum, o significado, que após a emissão da palavra dê-se um leve e simpático sorriso, com a finalidade de não provocar a ira de possíveis membros das referidas tropas, geralmente detectados usando uma máscara de demo-cratas, liberais, etc.