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23 de jun. de 2008

RIO EM TEMPO DE BARBÁRIE

Não há dúvida que o Rio de Janeiro está em tempo de barbárie. O assassinato de três jovens pobres que moravam no morro da Providência depois de serem entregues (ou vendidos) por um contingente do Exército a narcotraficantes é um dos fatos mais hediondos que se tem notícia nos últimos tempos.
A morte dos jovens favelados se insere no contexto da criminalização das áreas pobres da cidade do Rio de Janeiro, política esta estimulada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, agora sob a responsabilidade de Sérgio Cabral, o dirigente fluminense defensor ardoroso da idéia de um Estado mínimo, desde os tempos em que esteve filiado ao Partido da Social Democracia Brasileiro. Como governador do Estado leva adiante, juntamente com o Secretário de Segurança, Jose Mariano Beltrame, uma política de confronto com delinqüentes em áreas pobres, que além de inócua tem provocado mortes de muitos cidadãos inocentes.
Esta política conta com o apoio quase integral da mídia conservadora, de colunistas amestrados e de setores da classe média. Em matéria de deterioração política no pântano fluminense, remeta-se ao caso do ex-chefe da polícia, Álvaro Lins. Quarenta deputados estaduais decidiram votar pela libertação das grades do referido cidadão acima de qualquer suspeita. Segundo se comenta nos bastidores, muitos parlamentares çom rabo preso teriam decidido tomar esta decisão por temerem que Lins abrisse o verbo, ou seja, contasse fatos que poderiam atingir alguns dos 40 personagens gênero Ali Baba. Diante da pressão da opinião pública é possível que decidam pela cassação dos direitos políticos de Álvaro Lins.
Mas, podem crer, tudo continuará como antes no quartel fluminense. Neste terreno pantanoso em que se encontra a política fluminense aparecem Ongs do tipo Viva Rio, denominada por muitos militantes do movimento social de Viva Rico, capitaneada pelo queridinho da Rede Globo, Rubem César Fernandes. Este senhor é um dos ardorosos defensores da intervenção do Exército para o combate a violência urbana na cidade do Rio de Janeiro, contrariando dispositivo constitucionais. Mesmo depois que militares entregaram ou venderam os três jovens para narcotraficantes do Morro da Mineira, Fernandes e outros continuam defendendo intransigentemente a presença das Forças Armadas na cidade.
Por coincidência ou não, o Pentágono e o Departamento de Estado norte-americano desde há muito tempo tentam incutir na América Latina a idéia de que as Forças Armadas devem ter a função de polícia, combatendo o narcotráfico, num deliberado esquema de enfraquecimento de uma instituição que tem a função de defender a soberania de seus países, hoje ameaçada. Há, por assim dizer, uma campanha orquestrada neste sentido. O episódio hediondo do Morro da Providência deveria servir de alerta para os que defendem, alguns bem intencionados, a idéia da intervenção das Forças Armadas.
Os ideólogos da participação dos militares no combate à violência urbana continuarão insistindo na tese. Rubem César Fernandes, que circula muito pelo Haiti com o seu Viva Rio, onde o Exército brasileiro está presente e é acusado pelo movimento social de lá de práticas violentas em áreas pobres de Porto Príncipe, já tem declarado que não se deve mudar de posição por causa de “um fato isolado” como o do hediondo assassinato de três jovens negros e pobres. E podem crer, Fernandes e outros menos votados continuarão incutindo a idéia da salvação da lavoura que representa a utilização das Forças Armadas no combate ao narcotráfico ou qualquer outro tipo de violência urbana. Será que tem gato na tuba?
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