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31 de mar. de 2008

Entrevista com Clarice Lispector

Clarice e Mineirinho
Publiquei no início deste blog, na coluna à direita, um trecho do conto Mineirinho da Clarice Lispector. Apaixonei-me por este conto à primeira vista. Acho que ninguém descreveu tão bem como Clarice a covardia, a impunidade e o abuso da polícia quando mata à revelia da lei, quando "a maldade de um homem é entregue à maldade de outro homem".
Sempre estanhei que, dentre as obras da Clarice, nunca ouvira referência a este conto. Esses dias, assistindo a uma entrevista dela no You Tube, a última da sua vida, o entrevistador perguntou-lhe qual era o seu filho predileto, dos seus escritos o que ela tinha mais carinho. Fiquei surpresa e encantada quando ela respondeu que era justamente “Mineirinho”, o conto que tanto me impressionou.
O entrevistador pede que ela fale o porquê dessa preferência por “Mineirindo" e qual enfoque ela deu ao conto. Ela explica:
“Foi uma coisa que escrevi sobre um bandido, um criminoso chamado Mineirinho, que morreu com 13 balas quando uma só bastava, e que era devoto de São Jorge e tinha uma namorada, aquilo me deu uma revolta enorme. O primeiro tiro me espanta, o segundo (não sei que-?), o terceiro (eu tiro coisa-?), o 12º me atinge, o 13º sou eu, eu me transformei no Mineirinho, massacrado pela polícia. Qualquer que tivesse sido o crime dele uma bala bastava, o resto era vontade de matar, era prepotência”.
Assista ao vídeo e confira:

E no conto, ela menospreza essa justiça que contemporiza com a barbárie policial:
"Uma justiça que não se esqueça de que nós todos somos perigosos, e que na hora em que o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem querendo eliminar um criminoso, ele está cometendo o seu crime particular, um longamente guardado."

2 comentários:

  1. OI,
    Cheguei ao teu blog por indicação de Cristina Mattoso, amiga nova que já vai virando velha amiga. Hoje passei para conhecer, mas fiquei curioso sobre o conto da Clarice. Dei uma pesquisa pelo teu blog e não achei. Se vc puder, me conta onde ele está que eu adoraria lê-lo.
    Um abraço,
    Zédu
    PS. Acho que pelo link do comentário você poderá chegar até mim. E ao meu blog, muito diferente do teu, mas que me daria muito prazer em "vê-la" por lá

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  2. Anônimo1/4/08

    Zedu, o trecho do conto Mineirinho que postei à direita está com o título "Nós, os sonsos essenciais". Mais lá embaixo. Vou ver se dá para eu postá-lo na íntegra aqui no blog, é meio extenso.
    Vou lá conhecer seu blog. Gostei da sua visita. Um abraço.

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