24 de maio - Luta contra a exclusão
A nossa singela homenagem a este povo tão bonito que teve origem há quatro mil anos, na região do Punjab, ao noroeste da Índia, hoje Paquistão. Chegaram ao Brasil em 1574, expulsos da Europa. Segundo relatos, nesse período, Portugal e Espanha cortavam as orelhas dos ciganos e os deportavam. Isso porque eram considerados um povo diabólico.
Ninguém sabe ao certo de onde vieram nem quantos são no mundo, mas as lendas ultrajantes a respeito dos povos ciganos resistem ao tempo. Ladrões de crianças, praticantes de incesto, bruxos e adoradores do demônio fazem parte de uma lista extensa de preconceitos propagados contra eles até os dias atuais. Numa iniciativa inédita, entretanto, essa comunidade resolveu exigir respeito e inclusão social. Diversas manifestações marcarão este 24 de maio, quando se comemora o Dia Nacional do Cigano. Problemas como falta de registro civil, analfabetismo, discriminação no atendimento médico e truculência policial serão lembrados nos protestos.
Um exemplo de política pública para um segmento que sofre de exclusão:
O município de Sousa, no sertão paraibano, é conhecido pela quantidade de ciganos nas ruas. Há bairros inteiros formados por esse povo, que ainda assim enfrenta preconceito. Para se ter idéia, funciona na cidade, há cerca de três anos, um posto de saúde só para ciganos. “A gente via a resistência dos profissionais e o constrangimento dos ciganos, em serem tratados mal, atendidos por último. Optamos por fazer um local específico para eles”, afirma o prefeito da cidade em segundo mandato, Salomão Gadelha. Um centro nacional de cultura cigana, o primeiro do país, será a próxima obra erguida em Sousa em defesa dos direitos desse povo.
O projeto do centro, que deve estar pronto em três meses, tem como parceiro a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial. A idéia é montar no espaço oficinas de capacitação e exposições relacionadas à cultura cigana. “Brinco que Sousa ainda vai pedir a bênção aos ciganos, porque esse centro se tornará um grande atrativo turístico. Queremos, em primeiro lugar, oferecer treinamento para os ciganos conseguirem emprego e renda. Mas naquilo que gostam de fazer, como artesanato, culinária, poesia. Depois, investiremos na parte de apresentação de shows de dança, música”, diz Gadelha. Para Mirian Stanescon, qualquer iniciativa de valorização da cultura cigana é bem-vinda. “A cartilha tem esse primeiro intuito, que é elevar a auto-estima dos próprios ciganos, e acabar de uma vez por todas com esse mitos.
Ao contrário do que dizem, nunca vi um ciganinho abandonado, relações sexuais entre mães e filhos não existem no meu povo, você não vê ciganos nas prisões. Somos um povo que preza pela família, cuida bem de suas crianças e idosos”, diz Mirian, que é advogada.
Quantos são no Brasil
Não há estimativa precisa. Os palpites de estudiosos e lideranças do povo cigano vão de 150 mil a 1,5 milhão de pessoas. Muitas delas já se sedentarizaram, ou seja, fixaram-se em residências. Outras são seminômades. A maioria dos que ainda são nômades pertence ao clã Calon, o mais pobre e sofrido dos povos ciganos.
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