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26 de mai. de 2009

Julgamento de assassinato em 2001 é adiado

Enquanto as prisões brasileiras estão superlotadas de delitos sem gravidade, é uma verdadeira batalha punir os crimes realmente hediondos, como o assassinato da jovem Aline, em 2001. E depois de sete anos quando, finalmente, foi marcado o julgamento, ele foi adiado por mais uma manobra estratégica: os advogados de defesa não compareceram, alegando que precisam de "mais tempo".
“A gente sabe que foi uma manobra estratégica. Quero apenas entender por que a lei dá essa chance, faz todo mundo de bobo, inclusive a Justiça”, disse a mãe de Aline.
Leiam a notícia no jornal Estado de Minas hoje:
Crime sem castigo causa revolta em Ouro Preto
Um dos crimes mais chocantes dos últimos anos em Minas Gerais, o assassinato da estudante Aline Silveira Soares – encontrada morta na madrugada de 14 de outubro de 2001 no cemitério da Igreja Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia, em Ouro Preto, na Região Central de Minas – terá desfecho apenas em 1º de julho.
A juíza da Vara Criminal de Ouro Preto, Lúcia de Fátima Magalhães, adiou ontem o julgamento dos quatro suspeitos de executar a jovem durante um ritual macabro, que teria sido inspirado em um jogo de role playing game (RPG), segundo o Ministério Público (MP).
O julgamento de Camila Dolabella Silveira, de 27 anos, prima de Aline, Cassiano Inácio Garcia, Maicon Fernandes Lopes e Edson Poloni Lobo de Aguiar, todos os três de 28 anos, estava marcado para o meio-dia de ontem, mas não pôde ocorrer porque os advogados dos rapazes não compareceram à audiência. A medida frustrou dezenas de amigos e familiares da garota que viajaram de Manhumirim, na Zona da Mata, terra natal da vítima, para acompanhar de perto o júri popular.
Durante a saída dos acusados do fórum, houve tumulto e um irmão de Aline, Daniel Silveira Soares, de 27 anos, foi preso por danificar o carro onde estava Cassiano Garcia. Daniel foi liberado depois de assinar um termo circunstanciado de ocorrência (TCO), na Delegacia de Ouro Preto. Defensor de Cassiano e Edson, o advogado Guilherme Marinho enviou um representante ao fórum para pedir o desmembramento do processo, sob a alegação de que a complexidade do caso exigiria mais tempo para a defesa dos réus. O advogado de Maicon Lopes, Luis Carlos Bento, também enviou representante para pedir o cancelamento.
A juíza explicou que o julgamento somente poderia ser adiado por ausência dos defensores, sem justificativa, uma única vez. Portanto, se não comparecerem na próxima sessão, os acusados serão defendidos por dois criminalistas da cidade. “A gente sabe que foi uma manobra estratégica. Quero apenas entender por que a lei dá essa chance, faz todo mundo de bobo, inclusive a Justiça”, disse a mãe de Aline, a aposentada Maria José da Silveira Soares, de 60, que passou todo o julgamento na sala reservada às 35 testemunhas arroladas pelo MP e defesa dos réus.
Minutos antes do início da audiência de ontem, a promotora classificou o processo como uma batalha e defendeu as conclusões do MP a respeito do episódio, baseadas no inquérito da Polícia Civil e também em uma investigação complementar conduzida pelos promotores em 2004.
Aline tinha 18 anos quando viajou a Ouro Preto, em 2001, para participar da Festa do Doze, com a prima Camila Dolabella. As duas se hospedaram na República Sonata, a convite de Cassiano, Maicon e Edson, moradores do local. Dois dias depois, o corpo de Aline foi encontrado no cemitério, despido, com os braços abertos e pés sobrepostos, apresentando 17 perfurações feitas com um instrumento cortante. Os cortes estavam espalhados por diversas partes, sendo o mais extenso no pescoço.
Desde o início, a polícia trabalhou com a suspeita de que a estudante teria sido morta em um ritual semelhante ao de magia negra, durante uma partida de RPG. Apesar de os suspeitos negarem envolvimento com o crime, a polícia achou livros e revistas de RPG e satanismo na República Sonata. Em 2004, um vigia do cemitério onde o corpo foi localizado contou à polícia que um túmulo tinha sido violado um dia antes da morte da jovem. Ele encontrou a terra retirada, como se fosse ocorrer um sepultamento. Como o túmulo foi recomposto, os assassinos teriam sido obrigados a abandonar o corpo de Aline insepulto. Baseada em laudos periciais, o MP disse acreditar que os acusados teriam usado produtos químicos para eliminar resquícios de sangue nas dependências da república.
Protesto do Recomeço
É impressionante o judiciário neste país. Prendem milhares de pessoas por qualquer bagatela, desde que sejam pobres, enquanto assassinos ficam impunes, seus julgamentos se arrastam anos a fio e, quando condenados, muitos saem livres do júri.
Como é possível uma jovem ser morta cruelmente, seus assassinos continuarem livres e ainda acusando a imprensa de prejudicá-los ao noticiar seus crimes? Pois o que ainda salva a justiça neste país é a imprensa, senão tudo continuaria como dantes no quartel de Abrantes: pobres presos até por "furto de margarina" e o andar de cima livre até por homicídio. Até quando?

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