Deputado diz que funcionário da ONU que investiga execuções sumárias "deve ser uma bela bicha, daquelas bem arrependidas"
O deputado estadual Marcos Abraão, do PSL do Rio de Janeiro, subiu à tribuna no último dia 21 para atacar "esses idiotas da ONU, esse 'veadinho da ONU'", numa aparente referência a Philip Alston (foto à esquerda), o australiano que foi indicado pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas para investigar execuções sumárias, arbitrárias e extrajudiciais. Alston é professor de Direito da Universidade de Nova York e já dirigiu um projeto relativo a direitos humanos na União Européia. Ao visitar o Rio de Janeiro, Alston condenou alguns métodos utilizados pela polícia carioca para enfrentar o crime.
O deputado disse o seguinte:"Aproveito a oportunidade para falar de minha insatisfação ao ligar o rádio hoje e ouvir que mais três policiais foram assassinados - alguns Srs. Deputados, inclusive, já falaram aqui sobre Segurança Pública e do que vem ocorrendo neste Estado. Esses idiotas da ONU, esses antropólogos e “veadinhos” estão sempre falando nos jornais; alguns jornalistas idiotas, imbecis falam da Segurança Pública, mas são todos uns asnos. Nenhum deles entende qualquer coisa de Segurança Pública, muito menos esse “veadinho” da ONU – ele tem que ser tratado assim, por ter falado o que falou. Chamo de “veadinho” porque deve ser uma bela “bicha”, daquelas bem arrependidas! Não dá para entender por que esse tipo de pessoa quer atrapalhar um processo que caminha bem! Assomei à tribuna diversas vezes para parabenizar o Sr. Governador Sérgio Cabral por sua conduta diante da mídia quanto à Segurança Pública: “Vai haver um enfrentamento, e isso tem que acontecer, doa a quem doer”.Hoje, tivemos três policias mortos. E falar em enfrentamento, que a polícia tem que “ir para dentro” e fazer seu trabalho, é muito importante. Mas os Deputados que assomam à tribuna para falar da importância desse enfrentamento e que a polícia tem que fazer seu trabalho também têm que defender os policiais que estão sendo escrachados, que estão sendo covardemente prejudicados no estrito cumprimento do dever legal.Essa Corregedoria fajuta que temos – essa Corregedoria mentirosa, safada e cretina – a cada dia quer expulsar mais e mais policiais indevidamente! Esses Deputados que vêm aqui, junto comigo, falar têm que se preocupar também em dar um pouquinho de proteção a esses policiais que estão defendendo nossa família no dia-a-dia.É isso que nós temos que ver. Porque tem policiais sendo afastados do seu trabalho, expurgados da Polícia Militar indevidamente. E é isso que nós temos que ver. Não é só chegar aqui, elogiar, incentivar e dizer que tem que trabalhar. Não! Temos que nos preocupar. Temos que pegar esses “bichinhas”, esses “viadinhos”, dos direitos humanos e fazer com que eles trabalhem também pelos direitos humanos dos policiais. Porque tem um monte de “viadinhos” que só querem dizer que o policial fez e aconteceu, e que vão investigar. Ora, droga!"
Mais tarde, o deputado disse que não pretendia atacar os homossexuais, dizendo ter amigos gays que "são muito mais homens" que os tais "veadinhos" a que ele se referiu.
Segundo o repórter Ernani Alves escreveu no site Terra, em 10 de novembro, o australiano Philip Alston visitou o complexo de favelas do Alemão, no Rio de Janeiro:"Ele se reuniu com parentes de alguns dos 19 mortos na operação policial promovida em junho na região. Segundo Alston, alguns familiares admitiram que as vítimas tinham envolvimento com o tráfico de drogas. O relator, no entanto, disse que os depoimentos não justificam o fato de que agentes possivelmente executaram os suspeitos quando deveriam realizar prisões. O relatório da ONU que está sendo elaborado deve apresentar uma conclusão sobre o caso.
Representantes das Comissões de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) e da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro foram os primeiros a levantar a suspeita de que os criminosos teriam sido mortos depois de já estarem imobilizados pela polícia e de que inocentes poderiam ter sido assassinados."
O deputado é acusado de matar um colega
O deputado Abraão não é alheio à controvérsia. Ele chegou a ser acusado de mandar matar um colega, o pastor da Igreja Universal Valdeci Paiva de Jesus, que foi executado em 24 de janeiro de 2003 com 19 tiros, perto da sede do PSL, na zona Norte do Rio. Abraão era suplente do assassinado e assumiu a vaga. A repórter Giselle Saporito escreveu no "Jornal do Brasil", em 24 de março de 2003: "O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, afirmou há pouco, em depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que o inquérito sobre a morte do deputado Valdeci Paiva de Jesus (PSL) já está concluído. Segundo o delegado, quatro pessoas foram indiciadas no caso: os presos Jorge Luiz Silva e Adilson da Silva como executores; o inspetor Roberto Basila, que teria facilitado a fuga dos presos e o assessor do deputado Marcos Abraão (PSL) Wanderlei da Cruz. ''Apesar de haver indícios sobre a acusação do deputado no crime, não há provas suficientes para qualificá-lo formalmente como mandante do crime'', disse Lins.
Passando para desejar uma ótima noite de domingo.
ResponderExcluirESTE DEPUTADO E UM ASSASSINO DUPLO POR TER MATADO UM PARLAMENTAR E DEPOIS OFENDER DA FORMA QUE FEZ A UMA AUTORIDADE DA ono EM NOSSO ESTADO ISTO SIM E UMA FALTA DEB DECORO PARLAMENTAR,A CORREGEDORIA DA ALERJ DEVERIA TER TOMADO PROVIDENCIAS....
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