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22 de set. de 2007

RECUPERANDOS DE LEOPOLDINA

Klotild Guimarães Pinto
TESTEMUNHO

Eu quero agradecer aos leitores, redatores e recuperandos que colaboram com este jornal. As mensagens de apoio, carinho, elogios e até mesmo as criticas. É muito bom saber que os meus artigos são lidos e vistos com bons olhos. Em especial, quero agradecer à Aline de Porto Alegre, RS. Muito obrigado pelas palavras lindas de apoio, incentivo. Palavras de uma pessoa gentil, sensível, inteligente e solidária.
Eu não faço apologia ao crime, ao tráfico, eu apenas escrevo e transmito o que vejo, vivo, ouço e convivo aqui neste lugar.
Eu tento, particularmente, evoluir muito como pessoa, como ser humano, como cidadão como filho. Reencontrei Deus, encontrei a minha fé, aprendi que a família é a base, o alicerce de tudo nesta vida.
Não perdi a ética, o caráter e a minha criação. Passei a ter mais paciência, responsabilidade, tolerância e adquiri mais sabedoria. Vejo as coisas hoje com outros olhos. Aquelas pequenas coisas que eu não dava o devido valor, hoje tem um significado maior pra mim.
Aqui, neste lugar, conheço pessoas que apesar de cometerem crimes não perderam a ética, a disciplina, a responsabilidade, a generosidade. São excelentes pessoas que, ao meu ver, não perderam a sua criação, as raízes familiares, o caráter, a fé, são ótimos pais, filhos, irmãos. Este lugar não destrói o quer temos de melhor: o respeito pelo outro.
Na verdade, eu me sinto outra pessoa, pronto, preparado, convencido de que eu tenho um papel importante nesta vida e que posso mudar o meu futuro, agora, no presente, aprendendo com o meu passado.
Deixo aqui neste jornal o meu testemunho de que tudo é possível, tudo pode mudar, basta nós querermos. E se a mudança é pra melhor ou pior a escolha é nossa. É como no livre arbítrio como justificativa pra nossas escolhas. Aqui é uma encruzilhada, neste caminho você escolhe se é para mudar porque não tem volta. Eu já fiz a minha escolha!

A FLOR DE CACTUS
O que a vida nos ensina quando estamos pra cima, com a casa toda cheia de prata?
O que a vida nos reserva quando estamos pra baixo, no fundo do poço, sem a prata?
O que a vida nos aguarda quando estamos amando sem ser amado?
Somos, sim, escravos da ingratidão.
Comemos no mesmo prato e depois cuspimos nele. Pedimos com uma mão e esbofeteamos com a outra. Chamamos de amigo e com um passe transformamos em inimigo. Quer um pão? Precisa disto ou daquilo? Valeu! O Amor na mesma proporção do ódio.
Na paz e na guerra. E até que a morte nos carregue. Somos vitimas de uma hipocrisia.
Que usa seu belo sorriso como resposta. O que podemos fazer um pelo outro? Jura que ama, mas nada faz por este amor. Na hora do ouro, é só parceiro e bem querer. Na hora da prata é só ameaça, ingratidão e descaso. È como uma flor no meio dos cactos.

MANIFESTAÇAO
Minha loucura é imediata. É por trás de fendas procuro uma saída de emergência.
O vento frio que consome o meu corpo vem com o calor que mantém viva a minha alma.
A dor que sinto é a dor da saudade, a dor da consciência que remédio não cura, só os braços fortes de Deus a me abraçar. Na luta da razão e a fé, vence a paciência de saber aguardar os dias. O tempo me consome como carnívoros na carcaça. Deito e faço do teto de cimento o meu céu e viajo a contar estrelas invisíveis que caem como cadentes no meu imaginário.
Acordar, levantar, alimentar e adormecer. Tratado como cachorro no bambu. Concentração e distração e uma coisa leva a outra. E sem sentido fica e é tratado como louco. Nada tenho pra declarar e quando perguntar, responde rápido: Que tudo vai dar certo, é só aguardar. E como uma manifestação começa a gritar: Que inferno este lugar!

LIVRAMENTO CONDICIONAL
É verdade, o tempo não pára, a vida segue seu rumo e as coisas acontecem por trás dos muros: Preso no art. 33, artigo 12, condenado a três anos de reclusão no regime integralmente fechado, caindo para inicialmente fechado com direito a condicional em 2 anos.
Uma grande expectativa, coração e mente a mil. Boa conduta, benefício e a espera do alvará. Sonhando sair pela porta da frente com dignidade e moral. É assim que vive um recuperando a aguardar o livramento condicional. O mundo lá fora, atualidades e até a minha pequena Leopoldina segue seu ritmo normal. Mas não adianta lamentar se tenho que aguardar a tão sonhada liberdade condicional.

Falando sério
Quem sou eu pra querer te mudar?
Quem sou eu pra te mostrar os caminhos que andei, tudo que já passei?
Querer mostrar que a vida só convém quando a gente paga o mal com o próprio bem.
Pensando bem: com tantas pedras pelo caminho, somente um bom professor pra nos ensinar a chegar. E bom lembrar que o mundo não é só carinho, tem muitos espinhos, tantas mágoas pra rolar, por isso que o preço desta liberdade já não se acha que perdeu. Eu só quero mostrar que o mundo é bom de amor. Tenho tanta dor. Quem sou eu? Só queria enxergar o coração através dos olhos.Como santo salvar, mais quem sou eu? O sentimento é puro e não traído porque eu não brinco de amor. Sabemos que não somos santos, mas sinceros e podemos ser românticos e sedutor jamais brincar de amor.

Triunfo a Irmã Beth
Oh! Diva Beth! Tu és a luz que resplandece.
Quando entras pela galeria, enche nossos corações de alegria. És uma benção! Este teu lindo sorriso. Deus nos abençoa quando você se põe a orar. Se não acreditas em santos, como posso lhe chamar?
Agradeço a Deus por ter lhe conhecido. És uma graça, és uma irmã que nos abre os braços. Beth, Dona Beth, irmã Beth, não importa. É a heroína que nos traz a vitória.
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Geovani Martins Ribeiro

Tornar a escrever-vos as mesmas recomendações, a mim por certo não me são penosos e a vós, é vos conveniente (Felipense 3:16)

Mais uma vez assisto estarrecido um evento chocante porém previsível. Desta vez foi bem perto de nós, aqui na Zona da Mata Mineira, em Ponte Nova, onde vinte e cinco presos foram assassinados de forma brutal dentro de suas celas na cadeia pública de Ponte Nova.
Até quando nossos governantes se manterão inertes diante de situações caóticas, notórias e comprometedoras? A inércia estatal para cuidar do sistema carcerário é emblemática e, se não tomarmos novos rumos, cenas como estas na cadeia de Ponte Nova, como aquelas do ano passado em São Paulo, e muitas outras de menores repercussões, porém tão nefastas quanto aquelas, continuarão acontecendo trivialmente.
O Sistema prisional como existe é insustentável, não recupera o individuo (finalidade principal da pena), expondo-o a condições subumanas, onera o Estado sem, no entanto, este criar estruturas para aplicabilidade da Lei de Execução Penal (instituto moderno e eficiente) além de manter-se tungando princípios, direitos e garantias.
Ao entestarmos nossa Carta Magna-Constituiçao Federal/88, lei principal do país, de onde devem derivar todas as demais normas e procedimentos, logo percebemos o acinte em que se transformou o cárcere. A dignidade da pessoa humana é fundamento da Republica Federativa, artigo 1º, inciso III; já no artigo 5º, inciso III, onde trata dos Direitos e Garantias Fundamentais. A CF de 1988 diz que ninguém será submetido à tortura ou mesmo tratamento desumano ou degradante; O inciso XLVIII do mesmo artigo prescreve formas de individualizar as penas, já o inciso XLIX assegura aos presos o respeito à integridade física e moral.
Quimera, pura fantasia. Que dignidade tiveram os vinte e cinco homens seviciados no xadrez de Ponte Nova? A que foram submetidos, senão à tortura? Quantas pessoas estão sendo aviltadas, desintegradas física e moralmente nesse exato momento, nos depósitos de gente, sem as mínimas condições de sobrevivência?
É o Estado promovendo o inferno. Nem Dante em sua obra conseguiu exprimir com tamanho primor cenas tão assombrosas. Beccaria deve estar remoendo no túmulo. Márquez de Beccario, milanês pertencente à nobreza, no século XVIII, indignava-se contra a desumanidade praticada indiscriminadamente em desfavor do delinqüente. Propulsor do humanitarismo, chamava por melhor tratamento para aqueles que praticaram crimes, mas que com verdadeiros crimes contra a condição de seres humanos, eram punidos.Podemos ver como a causa de Beccaria, apesar da distância e do tempo, é atualíssima e bem nossa.
O inferno carcerário é real, cotidiano e próximo, está acontecendo agora na Cadeia Pública de sua cidade. Esse quadro precisa mudar urgentemente para os infratores poderem reabilitar-se e readquirirem um lugar na sociedade, afastados do crime. Existe alternativa. Cumpro minha pena num Centro de Recuperação modelar no qual os reeducandos são tratados com respeito, dignidade e amor, proporcionando ambiente propicio para a regeneração do homem que errou. O gasto publico é inferior ao das prisões comuns. È uma lástima sermos a exceção ainda.
Geovani Martins Ribeiro. (APAC –Leopoldina)

PARÊNTESE

Em meio à agitação que é a vida da maioria das pessoas hoje em dia, cotidiano de duras competições e corridas em busca de sucesso, o ser humano tem se alheado de tarefas, atividades e sentimentos simples, porém, enobrecedores da alma.
Também a violência, o desamor, a intolerância, a corrupção dentre outras mazelas, tem agravado o desencanto com o belo, com o espiritual.
Gostaria de abrir um parêntese nessa dinâmica existencial conturbada para expressar um caso romântico bem incomum nesse tempo frenético, cuja singeleza nos remete a pensamentos excelsos.
Voltava de um compromisso no centro da cidade quando, virando a esquina próxima da rua onde moro, deparei-me com uma amiga de minha família e sua filha, a qual eu conhecera ainda criança. Elas voltavam da minha casa, haviam ido me ver após seis longos anos de afastamento. Na esquina mesmo conversamos um pouco, foi quando eu e a garota nos analisamos e marcamos um encontro posterior.
Já naquele primeiro instante, vi a beleza e a pureza conjugadas nela e senti algo indescritível, muito gostoso, mais que isso, muito mais. Após aquele momento seria uma pessoa melhor e mais feliz.
Durante um mês, longe novamente, pensei muito na donzela. Ao retornar à cidade convidei-a e sua família para uma pequena confraternização. Na oportunidade nos estudamos outra vez, novamente não falamos nada particularmente.
Nosso corpo comunicou-se por nós.
Saímos juntos à noite, sozinhos, pela primeira vez, quando dialogamos sobre nós. Ela sentira o mesmo que eu nas ocasiões nas quais nos deparamos: uma energia muito forte bonita, atrativa. Enamoramo-nos romanticamente à maneira do interior, respeitosamente.
O relacionamento é recente, todavia, substancial, parece nos conhecermos há séculos. Estamos apaixonados.
Novamente distante, espero o ensejo de revê-la contando os minutos. Sempre tive reservas racionais contra o “amor a primeira vista”, mas meu conceito está mudando.
Agradeço à garota por ser tão especial e ter despertado em mim tão excelente sentimento.

RECONHECEMOS E AGRADECEMOS
Nós, reeducandos da APAC-Leopoldina, prestamos nosso agradecimento pela eminente visita recebida, no último dia 12/8, da editora do jornal Recomeço Maria da Glória C.Reis.
Acompanhada da irmã Beth, tivemos uma tarde gratificante, dessas que nos fazem lembrar da beleza da vida e da divindade do ser humano.
O ambiente ficou tão agradável, impregnado de uma energia superpositiva a alentar-nos.
Particularmente tive o prazer de conhecer a Gueguê e um pouco mais de seu trabalho. São pessoas assim cuja doação ao próximo é cimentado no sentimento de fraternidade cristã que nos estimulam a seguir em frente. Pessoas iguais a você, Gueguê, fazem a diferença num mundo tão indiferente.
Oxalá seu trabalho incite nossa comunidade tão carente de voluntários. Seja modelo, luz para desanuviar o horizonte cinzento de nossa classe social mais privilegiada, seja sal para temperar corações tão insípidos e faltos de amor.
Parabéns, Gueguê, pelo Recomeço e por ser tão especial, volte sempre a APAC, te esperamos de braços e corações abertos.
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Junior Vital
Inesquecível Fernanda


Venho através desta mensagem tentar me comunicar com uma pessoa que já faz parte de minha vida e que até hoje mora no meu coração.
Aconteceram muitas coisas. Duro destino fez com que nos separassem por uma longa distância, pela qual até hoje sofro de saudades e vontade de rever esta pessoa que até hoje nunca saiu dos meus pensamentos.
Espero que ela possa refletir sobre minhas palavras que vêm do coração, pois vivo e me pego pensando como estava junto de você. A vida para mim tinha sentido, hoje eu vivo sem a Felicidade de te sentir presente em minha vida novamente.
Quero que saiba que ainda te amo, mesmo estando longe de você. Este tempo todo você nunca saiu da minha vida, nunca ficou no esquecimento. Espero que você possa levar em consideração tudo que estou dizendo, estas palavras, porque estou sendo sincero e verdadeiro ao dizer que sinto sua falta, que mesmo distante estou aprendendo a te amar. Espero que você possa me responder. De quem ainda te ama mesmo na distância.
Beijos no seu lindo coração.

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