Paulo Peixoto, da Agência Folha, em Belo Horizonte
Wikipedia
28 de fev. de 2008
Cadeia de Manhumirim interditada
Paulo Peixoto, da Agência Folha, em Belo Horizonte
26 de fev. de 2008
SENTENÇA DA VERGONHA
É interessante a verborragia que os ilustríssimos causídicos são capazes de imprimir no papel e que nos faz perder o foco e o real significado das coisas. Na sentença em questão, é impressionante como concatena e sequencia palavras com lógica duvidosa e termina com a sentença em vocábulos retumbantes: LANCE-SE O NOME DA RÉ NO ROL DOS CULPADOS!
Manifesto do ARTICLE 19
25 de fev. de 2008
Edição 140
Ano VII - Edição 140
Fevereiro de 2008
http://www.jornalrecomeco.com/
ABERTURA
José Saramago - A Justiça
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MATÉRIAS
- Editora do jornal Recomeço é condenada
- Leia a SENTENÇA na íntegra
- Fiscalização de cadeias e presídios - Resolução Nº 47 do CNJ
- Minas tem 300 adolescentes em cadeias
- Fraternidade e Vida - João Baptista Herkenhoff
- Textos dos detentos - Unidade Prisional de Cataguases
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O site do Recomeço contém cópia de todas as edições do jornal impresso, desde o início em 2001.
23 de fev. de 2008
Secretário diz que é "legal"menina na cadeia
22 de fev. de 2008
Notícia no Consultor Jurídico
Foram feitos vários comentários que valem uma leitura pela demonstração do quanto as pessoas estão conscientes da necessidade de se lançar críticas ao sistema penal e carcerário visando a transparência e o combate às suas atrocidades.
Transcrição de alguns comentários dos leitores:
Sunda Hufufuur ( 16/02/2008 - 13:34)
A justiça está ficando algo muito importante para ser deixado nas mãos dos juízes, isso é que se conclui. Do alto do pedestal de seus ares-condicionados, na paz dos gabinetes e no tapete vermelho estendido pelas adulações que alimentam a presunção de excelência em pessoas que possivelmente não têm a metade da cultura que tem um professor de história ou filosofia, vemos o "Pilatismo judicial" grassar, pelos que buscam, junto com o MP, lavar as mãos e legitimar sua indiferença para com situações degradantes como é o monturo penitenciário onde despejam os “dejetos da sociedade” dizendo que “isto não é minha responsabilidade”.
Desde logo afirmo que subscrevo integralmente o editorial "Que regime é este?", da lavra da professora Maria da Glória Costa Reis. Mais do que isso, parabenizo-a pela lucidez e acerto da crítica lançada. Embora militante em São Paulo, penitencio-me pela minha omissão em não ter feito a crítica antes (era, como advogado, minha obrigação), penitencio-me. Agora só me resta dizer que também aguardo minha condenção pelo mesmo delito.Ofereço à professora Maria da Glória Costa Reis o empenho do Conselho Federal da OAB na sua defesa, para, em conjunto com seu advogado, buscarmos a restauração do direito de crítica e a liberdade de imprensa (além, é claro, da sua absolvição) Procure-nos.
*****
Olhovivo (16/02/2008 - 11:54)
É só rindo mesmo. Ahahahahahahah. No Brasil, o MP denunciou e a Justiça condenou alguém à prisão (ahahahahahahahaha), por dizer que as cadeias são uma barbárie. Ahahahahahahaha. Brasil, você é tragicômico!
21 de fev. de 2008
Adolescente fica grávida na prisão
Menina fica grávida na prisão em MG
A gravidez de uma adolescente de 16 anos, que estava detida para cumprimento de medida socioeducativa na delegacia de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, a 720 quilômetros de Belo Horizonte, está sendo investigada pela Promotoria da Infância e da Juventude, pela Polícia Civil e pela Justiça. A.F.M., que dividia a cela com outras duas jovens de 14 anos, estaria mantendo relações sexuais com um preso da unidade, antes de ser transferida para o Centro de Reeducação Social São Jerônimo, no Bairro Horto, na Região Leste de BH. Há três meses, um caso de violência sexual contra outra menor, dentro da cadeia, em Abaetetuba (PA), escandalizou o Brasil.Segundo o Juizado da Infância e da Juventude da capital, a jovem foi apreendida em flagrante, por furto qualificado, em 15 de março do ano passado, e, devido à falta de um centro de internação em Pedra Azul, a juíza da comarca local determinou que ficasse acautelada numa cela separada na cadeia, até que surgisse vaga numa instituição adequada. Em 5 de dezembro, a jovem foi transferida para o Centro de Reeducação Social São Jerônimo, em BH, sendo submetida a exames de saúde de rotina, quando foi constatada a gravidez. Quarta-feira, ela fez uma ultra-sonografia que atestou gestação de quatro meses – prova de que A.F.M. engravidou em outubro, quando ainda estava detida em Pedra Azul.
RESPONSABILIDADE - Segundo a juíza da Infância e da Juventude de BH, Valéria Rodrigues, esse é um caso de negligência do estado. “É objetiva a responsabilidade do estado, que tinha a custódia da adolescente e tem que responder por ela. Não importa se houve dolo ou culpa, se ela consentiu ou não. Tudo tem que ser apurado, antes de fazermos um juízo de valor, mas esse é um fato sério, que me deixa estarrecida e lamentando que tenha acontecido em Minas. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) existe há 18 anos e os jovens, em vez de terem sua integridade física e psicológica preservada, são tratados como objeto”, declarou.Segundo a juíza, o ECA determina que, na falta de um estabelecimento adequado para acolher o adolescente, ele pode aguardar o julgamento do crime em uma delegacia, desde que em cela especial, separada de adultos. Mas o prazo máximo de detenção é de 45 dias e, se o caso não tiver sido julgado e não houver justificativa legal para mantê-lo detido, ele deve ser posto em liberdade. “Não tive acesso a todo o processo, mas, se não tiverem sido apresentadas explicações para que a jovem passasse quase nove meses numa delegacia, o estado, o juiz e o delegado podem responder criminalmente por abuso de autoridade”, acrescentou.
Análise do blog
O judiciário deveria promover cursos de capacitação para seus juízes, visando prepará-los para trabalhar com menores. É um tremendo despreparo pena de prisão para um adolescente por furto
A situação é de barbárie. À revelia da lei, adolescentes são presos em cadeias junto com adultos. O maior responsável por esses absurdos é o poder judiciário, que deveria promover um curso de capacitação para seus juízes, visando prepará-los para trabalhar com menores. Adolescentes jamais deveriam ser presos por furto. Esse delito tem inúmeras formas de ser tratado na justiça sem ser o emprego da prisão. O que os juízes deveriam dar é uma "pena" de escola para os adolescentes e, por extensão, uma "pena" para o serviço social dos municípios que atendam a essas famílias cujos filhos estão necessitando furtar. Mas é costume e cômodo enviar os adolescentes para fazerem curso de criminalidade em nossas prisões.
20 de fev. de 2008
Corrupção e tortura
19 de fev. de 2008
Manifesto do GTNM
Secretário Especial de Direitos Humanos da Presidência da República
Dr. Paulo Vannuchi
Esplanada dos Ministérios - Bloco T – Ed. Sede - Sala 422 -
Brasília – DF – CEP.: 70064-900
e-mail: acaf@sedh.gov.br
Fone: (61) 3429.9382 Fax: (61) 3429.3261
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Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público
Sr.Antonio Fernando Souza
Ministério Público Federal
SAF Sul, Quadra 4 – Conj. C – Bloco B, sala 501
Brasília – DF – 70050-000
FAX: (61) 30316391
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Corregedoria Nacional de Justiça
Ed. Anexo I do Supremo Tribunal Federal,
3° Andar, Sala 360 Praça dos Três Poderes, s/n°
Brasília – DF - CEP: 70.175-900
E-mail: corregedoria@cnj.gov.br
Fones: (61) 3217.4553/4552 - Fax: (61) 3217.4505
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Secretário Geral do Ministério Público Federal
Sr. Carlos Frederico Santos Ministério Público Federal SAF Sul, Quadra 4 – Conj. C – Bloco B, – Brasília – DF – 70050-000
FAX: (61) 30315835
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Procuradoria da República no Estado de Minas Gerais
Exmo. Sr. Procurador-Chefe Eduardo Morato Fonseca
Rua Pouso Alto, 15 – Bairro da Serra
Belo Horizonte – Minas Gerais – 30240-180
FAX: (31) 21239142Site: http://www.prmg.gov.br/
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Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Desembargador Orlando Adão Carvalho
Gabinete da Presidência – Rua Goiás, 253 - anexo II – 14º andar -
Belo Horizonte – MG -
Fone: (31) 3237.6594- gapre@tjmg.gov.br
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Corregedor-Geral de Justiça
Desembargador José Francisco Bueno
R. Gonçalves Dias, 2553 - Lourdes -
Belo Horizonte - MG – CEP.: 30140-092.
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Assembléia Legislativa de Minas Gerais
Comissão dos Direitos Humanos
Sr. Durval Ângelo Andrade
Gabinete:
R. Rodrigues Caldas, 30 - Palácio da Inconfidência - 1º andar - conj.106
Bairro: Sto. Agostinho - Belo Horizonte – MG -
CEP 30190-921
Tel: (031) 2108-7245 Fax: (031) 2108-7525
E-mail: dep.durval.angelo@almg.gov.br
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Assessoria de Comunicação (ASCOM) - faleconosco@tjmg.gov.br
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SEAC-Serviço de Atendimento ao Cidadão
Tribunal de Justiça de Minas Gerais seac@tjmg.gov.br
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Chefe da Ouvidoria Geral da Cidadania
Sr. Pedro Luis Rocha Montenegro
Ministério da Justiça -Esplanada dos Ministérios - Anexo II – sala T 5 –
Brasília – DF - CEP.: 70064-900
E-mail: ouvidoria@sedh.gov.br
Telefone: (61) 3321.1565
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Pela Vida, Pela Paz! Tortura Nunca Mais! (no site)
Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2008
18 de fev. de 2008
Indignação!!!
Meu sentimento em relação ao que acabo de ler é de indignação como professor de Direito Penal e como cidadão.
Primeiro, pelo corporativismo.
Segundo, porque a responsabilidade é, sim, do magistrado, ainda que como cidadão deve aplicar e zelar pelos direitos fundamentais previstos no art. 5, CF, além de ser um agente público que tem o dever de buscar o princípio da humanidade, ainda mais dentro dos presídios.
A desculpa de que o sistema carcerário é falho é RIDÍCULA.
Terceiro, porque não vejo nenhuma imputação direta de fato à pessoa do Magistrado.
Quarto, porque a crítica é livre e não constitui crime.
Quinto, sexto, sétimo... poderia enumerar um sem número de motivos.
Esses fatos só nos fazem desanimar ainda mais com o Direito, ou melhor, com os aplicadores do Direito que se apegam a tecnicismos jurídicos e se olvidam de que o DIREITO FOI FEITO PARA O HOMEM E NÃO O CONTRÁRIO.
Lamento, lamento, lamento.
Grégore Moreira de Moura
Professor do curso de Pós-Graduação e Curso Preparatório da ANAMAGES/APROBATUM - BH
Autor do livro Do Princípio da Co-culpabilidade - Editora Impetus
17 de fev. de 2008
Segundo aviso ao governador Aécio Neves
Vereadores Emmanuel Azevedo e Luiz Sérgio Ienaco visitam a cadeia
Vereadores fizeram representação às autoridades competentes, relatando:
"Situação é dramática, de calamidade pública, presos tratados como verdadeiros bichos, umidade, mofo, infiltrações por toda parte, esgoto a céu aberto, superlotação, ventilação deficiente, mau cheiro de fezes e urina, instalações elétricas em péssimas condições, celas com mais de 20 detentos onde caberiam no máximo 7, não é lugar para ser humano viver"
doenças de pele
doenças neurológicas
doenças psiquiátricas
presos com pneumonia dormindo no chão frio
presos amontoados dormindo um em cima do outro
não há serviço de saúde
não há material de limpeza e higiene
não há nenhuma atividade ou ocupação
presos com benefício vencido
funciona com 200% acima da capacidade
José Luiz Bello
Coordenador do site Pedagogia em Foco
Se ter a opinião de que “não é aceitável a conivência de magistrados, fiscais da lei, advogados, enfim, operadores do direito com tamanha barbárie” é crime, pois que condenem a maioria da população brasileira, inclusive a mim, já que concordo com seu pensamento.
Um grande abraço, parabéns pela sua luta e minha absoluta solidariedade.
16 de fev. de 2008
Aviso ao governador Aécio Neves
Governador, veja a foto. Nesta e nas outras celas em igual condição, tem uma média de 20 pessoas presas. São mais de 100 presos ao todo. Repare nos fios e imagine um curto circuito como aconteceu em Rio Piracicaba em janeiro deste ano.
Governador, ano passado, Minas Gerais foi palco da terceira maior tragédia no sistema prisional brasileiro, quando no dia 23 de agosto de 2007, 25 presos morreram queimados dentro de uma cela em Ponte Nova, MG (Ler notícia).
Este ano, em janeiro, já morreram mais 8 presos no incêndio em Rio Piracicaba-MG, a 131 km do seu palácio, aí em Belo Horizonte (isso fora os que morrem a granel, cotidianamente, em cadeias e presídios do estado).
Governador, em Leopoldina-MG não será falta de aviso. Eu fui até processada por um juiz e um promotor, e condenada por uma juíza pelo "crime" de escrever um editorial num jornalzinho pedindo às autoridades que olhassem pela situação da cadeia. Sabe o que a juíza disse na sentença? Que o juiz da Execução Penal não é responsável pelas condições da cadeia. Eu não entendo mais nada neste país, as autoridades nunca são responsáveis por nada. O senhor poderia me dizer então, governador, quem é o responsável? Parece que a juíza desconhece a Lei de Execução Penal - L-007.210-1984, Art. 66 - Compete ao juiz da execução:
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
Depois das tragédias, leio na imprensa assim: "Por meio de sua assessoria de imprensa, o governador Aécio Neves (PSDB) disse que o caso será investigado". Porém, governador, o senhor tem de investigar "antes"da tragédia.
"Minas tem, proporcionalmente, o maior número de presos em cadeias públicas do país", disse o Presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da OAB/MG, Adilson Rocha (Folha de São Paulo, 3/1/08).
Sei que o senhor não se preocupa muito porque a sociedade não se importa. Os mortos são sempre pessoas pobres, negras, já mesmo excluídas e de somenos importância neste estado rico em que vivemos. Os presos não votam, o que é uma excrescência.
Bem, governador, confesso que, pela primeira vez, há um pouco de interesse pessoal meu nesta minha luta por melhoria das prisões, porque, atualmente, eu sou também uma condenada. Não, não se precipite, não agredi, nem matei ninguém, não roubei, não pratiquei estelionato, não uso nem vendo drogas, ao contrário, sou dessas pessoas meio chatas, toda certinha, que não toma nem uma cervejinha de vez em quando. Fico quieta na minha casa e só saio para fazer meus trabalhos voluntários porque penso assim "a vida foi tão generosa comigo, me deu tanto, pude estudar, ter um emprego, ter roupa, casa e comida, ter uma família, ter lazer e acesso a bens culturais, que agora tenho de contribuir para os que não tiveram a mesma sorte que eu neste país de severinos".
Prezada Glória
Mayalu Moereira Felix
Professora de Lingüística Departamento de Letras
Universidade Estadual do Maranhão
http://mayafelix.blogspot.com/
________________________
Solidária contigo, joguei de volta minha estrelinha do mar na água.
Juliaura da Luz Bauer - Porto Alegre -RS
http://julidaluz.blogspot.com/
Leia belo texto publicado pela Juliaura sobre a sentença condenatória contra o jornal Recomeço. Clique AQUI
15 de fev. de 2008
Sentença publicada
A sentença da minha condenação encontra-se na íntrega no link:
http://www.jornalrecomeco.com/sentenca/
(Como são oito páginas, estão dispostas uma a uma, para melhor visualização. É só clicar nos números das páginas embaixo)
14 de fev. de 2008
Indignação e Solidariedade - Ir. Beth
É condenada aquela que deveria ser homenageada pela sua luta diária e intensa contra as crueldades do sistema burocratizado e desumano das nossas prisões.
Por diversas vezes, quando fui vereadora, fiz a indicação de prêmios merecidos para que sua luta fosse mais valorizada, mas você, Glória, sempre recusou, dizendo que fazia e faz por amor à causa, e não para alcançar medalhas e títulos.
Fiquei mais chocada ainda quando a malfadada sentença lhe imputa uma culpabilidade de que "poderia inclusive ter ocasionado a realização de outras rebeliões, podendo gerar, por que não, a morte de seres humanos".
Esta tem sido uma tônica na boca das autoridades todas as vezes que denunciamos em público a omissão destes. Recentemente fui proibida de entrar na cadeia por ter ido à rádio e dizer, entre outras coisas, que no Brasil a pena só é restritiva do direito de ir e vir, eles continuam com o direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho e, no entanto, estes direitos são descumpridos totalmente na maioria das cadeias e presídios.
Na edição de dezembro, na qual fizemos um concurso de Mensagens Natalinas com os detentos, ao entregar o jornal Recomeço em uma das celas da Cadeia de Cataguases, um dos detentos pegou na minha mão e disse: "D. Beth é a primeira vez que o meu nome sai em alguma coisa sem ser em página policial". E choramos juntos, ele pediu para orar por ele para Deus ajudá-lo a mudar o rumo de sua história.
Esta condenação, não tome só para você, ela é de todos nós, estamos sentindo a mesma dor da injustiça. O Profeta Amos (5.24) já clamava "Até que corra Justiça como um riacho perene", isso há 4.000 anos antes de Cristo. Sua luta não é vã.
Indignação e solidariedade - GTNM
O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ vem solidarizar-se com o jornal “Recomeço” e com sua editora Glória Reis.
Ficamos estarrecidos e impactados com a notícia de que, por expressar suas idéias defendendo os direitos dos presos da cidade de Leopoldina, esta defensora dos direitos humanos foi processada e condenada.
Estamos não só solidarizando com sua luta, mas apoiando-a integralmente. Para isso, estamos lançando um Alerta Urgente que será enviado a várias entidades nacionais e internacionais de direitos humanos narrando sua luta e sua condenação e solicitando que mensagens sejam enviadas para algumas autoridades judiciais.
Conte Conosco!
Cecília Coimbra
Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ - GTNM
Pela Vida, Pela Paz
Tortura Nunca Mais!
13 de fev. de 2008
Indignação e solidariedade (3)
Escrevo desde Porto Alegre para empenhar minha solidariedade à tua luta em defesa dos DDHH. Recebi via e-mail a notícia da tua condenação por denunciar a condição desumana em que são mantidos os presos de Leopoldina. Não surpreende que o judiciário mineiro tenha agido de tal forma.
Não há dúvida de que vivemos hoje na encruzilhada descrita por Rosa Luxemburgo como socialismo ou barbárie. E, se baixarmos a cabeça, se não houver pessoas como tu que ousam denunciar os podres poderes, a barbárie que campeia dominará finalmente.
Para encerrar, companheira, deixo duas frases do velho, bom e sempre atual Karl Marx: "O poder político do Estado moderno nada mais é do que um comitê (Ausschuss) para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa" (Manifesto Comunista).
"Enquanto a aristocracia fazia as leis, regia a administração do Estado, dispunha de todos os poderes públicos organizados e dominava a opinião pública, por meio dos fatos e por meio da imprensa, repetia-se em todas as esferas, desde a corte até o Café Borgne a mesma prostituição, a mesma fraude descarada, o mesmo afã de enriquecimento, não mediante a produção, mas por meio da escamoteação da riqueza alheia, já criada". (As Lutas de Classes na França (1848-1850) ).
Avante, companheira! Não esmoreça na tua luta! Estamos contigo! E, como escreveu o poeta: "glória a todas as lutas inglórias que através da nossa história, não esquecemos jamais..."!
12 de fev. de 2008
Indignação e solidariedade (2)
(autor desconhecido da Antiga Grécia)
Chega a ser inacreditável. Parece que estamos retornando à era Hitler e Stalin. Deus nos livre disso! Falar, pensar e escrever dá CONDENAÇÃO.
Quando tomei conhecimento da existência desse processo contra o jornal Recomeço, tive dificuldade para encontrar qualquer lógica na acusação. E agora? Como encontrar lógica numa sentença tão severa, se até mesmo uma simples condenação já seria inaceitável? Nem uma simples admoestação, definitivamente, inaceitável. Tudo muito próprio de um regime arbitrário, de um Judiciário que não oferece bons serviços ao cidadão, e ainda se atribui o direito de estar acima do julgamento público. Quanto a essa minha última afirmação, não sou eu que estou dizendo, um membro do Judiciário já o disse antes de mim: Dr. João Batista Herkenhoff. Será se isso também gera processo?
Parece incrível, mas aí está a parte do editorial que deu origem à acusação: “Não é aceitável a conivência de magistrados, fiscais da lei, advogados, enfim, operadores do direito com tamanha barbárie. O regime atual é um desrespeito à Constituição, à lei, aos cidadãos deste país, enfim, à nossa inteligência.” O que há de crime? Nem o nome de alguém foi citado.
Imagino o tempo dispensado em todo o curso desse processo. Concluo que há tempo sobrando no Judiciário e não deve haver situações mais graves e sérias a serem examinadas. Que despacho, meu Deus! Um primor, digno de uma monografia da USP, das mais exigentes.
E que "perigo" representa a CONDENADA para a sociedade! Fico pensando no seu delito – ou no seu crime. É de indignar qualquer cidadão que paga esses pesados impostos em nosso País, impostos que são utilizados para garantir um tempo desperdiçado com um processo como esse. Em que país vivem esses julgadores? Deve ser num país onde não há crimes para julgar.
E mais grave ainda, houve até pré-julgamento: “É melhor aceitar a transação penal porque não haverá absolvição.” Então um juiz, no caso uma juíza, pode condenar antes de ler o processo?
A sentença é rigorosa, recomenda até que se faça a “qualificação completa da SENTENCIADA”; que se “preencha o boletim individual da acusada, remetendo-se ao instituto de Identificação e criminalística do estado de Minas Gerais”; que “oficie-se ao TRE/Cartório Eleitoral”. Bem própria de um condenado de alta periculosidade, que coloca em risco toda a sociedade e com o qual deve-se tomar todo o cuidado. Será um Fernandinho Beira-Mar ou um Elias Maluco?
Bem, Glória, defender presos e pobres é correr risco. E você sabe disso, vai estar sempre na corda bamba. A justiça já era pregada desde a Grécia Antiga, mas não a justiça aplicada a Sócrates; o Império Romano a acalentava com zelo, mas não a dedicada a Cícero; e Cristo já dizia “felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.”
Quanto a essas palavras de Cristo, penso que, quando um cidadão deseja, luta e exige que uma Lei seja cumprida, como é o caso da LEP, (Nº 7210- Lei de Execução Penal), que visa a humanização das prisões, ele está simplesmente manifestando a sua “fome e sede de justiça”. Parece que esse foi o seu pecado, esse o seu crime, essa a sua infração legal.
Li na última edição do GLN, jornal de Leopoldina, a entrevista dada por integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmera de Vereadores de Leopoldina. O assunto foi a cadeia da cidade. Pelo que li, a situação está de calamidade pública. Os entrevistados estavam simplesmente alarmados com o que viram. Então faço aqui uma simples ilação: se hoje a situação está tão calamitosa, como estaria no tempo em que o editorial foi escrito?
Sou de Belo Horizonte e já passei a notícia para os amigos daqui. De minha parte continuarei divulgando este processo absurdo, para que uma sentença “tão primorosa”, “tão (in) justa”, (não) sirva de JURISPRUDÊNCIA neste País.
Marcos – Aposentado de BH
11 de fev. de 2008
Indignação e solidariedade
Não há Democracia sem liberdade de imprensa!
Numa sociedade democrática, nem a Justiça, nem qualquer instituição está acima do julgamento público.
Cordialmente,
João Baptista Herkenhoff
Indignado com a violência da Injustiça que você está sofrendo no momento, com a injusta condenação, manifesto, em meu nome e da Equipe Afropress, nossa integral solidariedade a você e ao trabalho fundamental que você faz em defesa dos que não tem vez nem voz neste país.
A sua condenação - que estamos certos, será revertida em outras instâncias - representa uma grave ameaça ao direito constitucional à liberdade de expressão e, portanto, atenta contra os direitos humanos, uma vez que o Direito à expressão e comunicação também é um Direito Humano fundamental.
Continue firme porque, temos certeza, de que outras vozes como a nossa se levantarão em sua defesa.
Com o abraço e a solidariedade,
Dojival Vieira
Jornalista Responsável pela Afropress - Agência Afroétnica de Notícias
Movimento Brasil Afirmativo - www.afropress.com
8 de fev. de 2008
Comunicação
- Cumprimento de pena privativa de liberdade aplicada seja feito, inicialmente, no regime aberto. (Como é primária) substituo a pena privativa de liberdade por uma restririva de direitos (Código Penal, art. 44, 2º) consistente em prestação pecuniária no valor de dois salários-mínimos. - Lance-se o nome da ré no rol dos culpados. - Preencha-se o boletim individual da acusada, remetendo-se ao instituto de Identificação e criminalística do estado de Minas Gerais. - Após o trânsito em julgado da presente, oficie-se ao TRE/Cartório Eleitoral, com vistas ao cumprimento do artigo 15, Inciso lll, da Constituição Federal, fazendo-se constar do mesmo ofício que o tipo penal se subsume nas hipótese da inelegibilidade de que trata a alínea "e", do inciso l, do artigo 1º, da Lei Complementar nº 64/1.990. Anote-se ainda, no ofício, a qualificação completa da SENTENCIADA e se encaminhe, com o mesmo, uma cópia da presente sentença.
No final de 2006, informei aos meus leitores que estava sendo processada pelo juiz da Execução Penal de Leopoldina, acusada de difamação por ter escrito um editorial no qual eu expunha as condições desumanas da cadeia de Leopoldina (onde nada mudou). Vários amigos se manifestaram e alguns sites e blogs publicaram a notícia. A professora Maria Helena Zamora escreveu o artigo "Glória e o Recomeço" no site La Insignia, no qual manifestou sua indignação sobre o fato. Encontrei apoio também da advogada Vera Vassouras ( Aqui) e outras pessoas sensibilizadas, que divulgaram a notícia na internet.
Acredito que as pessoas, assim como eu mesma, no início, não acreditavam que isso fosse adiante. Afinal o que mais se fala neste país é sobre os milhões de processos do Judiciário, de juízes ocupadíssimos, da necessidade de se concentrar na questão urgente da violência urbana que assola o cotidiano do povo brasileiro.
Como na ditadura, houve interrogatório policial, várias audiências, até culminar na minha CONDENAÇÃO, neste janeiro de 2008. A sentença compõe-se de oito páginas primorosamente escritas e recheadas de citações, leis, artigos, verbetes do Houaiss, expressões latinas, e, especialmente, pinceladas de bilis, de quem julga com o fígado.
Agradeço a todos os leitores e amigos que se solidarizam comigo, acompanharam o processo e aguardavam a sentença. Saio eu e, acredito, todos nós, mais desesperançados com a justiça deste país.
_____________________
Segue o editorial que deu origem à ação (No final, em vermelho, o "trecho criminoso"):
EDITORIAL - EDIÇÃO 117
Que regime é este em Leopoldina?
Com a LEI No 10.792/1º.12.2003, foi criada a RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) para aplicação de penalidade disciplinar ao preso pelo cometimento de falta grave, ou seja, "aos líderes e integrantes de facções criminosas e aos presos cujo comportamento exija tratamento específico" (art. 1º).
Então, assim ficou a redação na LEP, a Lei de Execuções Penais:
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do regime disciplinar diferenciado." (Redação da LEI No 10.792/1º.12.2003) .
Acontece que, mesmo a RDD garante ao preso “banho de sol por, 'no mínimo', uma hora por dia e visita semanal de duas horas... (arts. 4º e 5º, II, IV e V da resolução).
REGIME COMPLETA UM ANO
Como interpretar o fato de que os presos de Leopoldina, que não se enquadram ao perfil de condenados descrito na Lei, estejam num regime mais diferenciado que o RDD, pois o banho de sol é uma vez por semana e a visita é de 15 minutos através das grades? Esta realidade é a confirmação de que ainda vigora o entendimento de que o preso está sujeito a uma relação especial de poder, embora derive da Constituição a obrigatoriedade da proteção dos seus direitos fundamentais tanto pela autoridade judicial, quanto pela autoridade administrativa.
DIREITOS E DEVERES RECÍPROCOS
Também vigora o entendimento de que há entre preso e administração penitenciária uma relação de sujeição e não uma relação de direitos e deveres recíprocos entre autoridades e prisioneiros .
Não é aceitável a conivência de magistrados, fiscais da lei, advogados, enfim, operadores do direito com tamanha barbárie. O regime atual é um desrespeito à Constituição, à lei, aos cidadãos deste país, enfim, à nossa inteligência.
7 de fev. de 2008
Violência policial e racismo no carnaval da Bahia
O vídeo é de 2007. Como terá sido o carnaval deste ano? O autor do vídeo deixou esta mensagem:
"Carnaval de Salvador 2007, cansei de ver tanta injustiça e de certa forma ser também culpado por ela. Vídeo dedicado a Ali Kamel, Peter Fly e outros brancos de merda como já fui. Em apenas um único dia de carnaval veja quantas cenas de violência policial. Aos cegos que não enxergam o RACISMO explícito, então confira. A nós, BRANCOS, que durante muito tempo achamos tudo "NORMAL", tá na hora de abrirmos os olhos. Quer ajudar? Comece divulgando, mas podemos e precisamos fazer muito mais. É preciso vergonha na cara e coragem! Acorda!"
6 de fev. de 2008
Racismo e prisão
pouco de navio negreiro.”
“Dados recentes da Unesco revelam que a vitimização da população negra, da juventude negra, dos homens negros, é 74% superior à da juventude branca. As chances de um jovem negro morrer na Paraíba, em Pernambuco e no Distrito Federal é cinco vezes maior do que a de um jovem branco.”
"Dialogar, portanto, a categoria racismo e sistema penal é um pressuposto de inteligibilidade do sistema. Não há como compreender o sistema penal fora dessa categoria. Foi essa categoria que deu formatação à forma de atuação do sistema penal, que é tão agressivo em cima dos corpos, porque nesses corpos não se reconhece, fundamentalmente, humanidade.”
Professora de direito Ana Luiza Flauzzina (foto), que participou da audiência da CPI do Sistema Carcerário, na Câmara, em outubro de 2007.
Matéria "Racismo ajudou a criar um sistema penal agressivo, diz pesquisadora", no site Agência Brasil
5 de fev. de 2008
Polícia nazista
Tanto o vídeo quanto a pesquisa abaixo são de 1997. Portanto, lá se vão dez anos. A filmagem, na época, chocou o país. Não por ser novidade ou o fato desconhecido, mas por ter sido filmada a atrocidade da polícia. E a pergunta que se faz é: o que mudou? O que os governos fizeram para realmente tornar a polícia uma instituição representativa do estado de Direito que, supostamente, estamos vivendo? Nada. A não ser estimular mais a truculência de uma polícia com poder de vida ou morte sobre os brasileiros. Nessa blitz filmada, um policial atira e mata o jovem Mário José Josino que já estava dentro do carro liberado. Matou à toa, por prazer. Por costume! Até quando?
Pesquisa sobre Violência Policial
Rodrigo Vergara Jornal "Folha de São Paulo", domingo, 6 de abril de 1997
Negros são mais abordados e agredidos
Os negros são abordados com mais freqüência, recebem mais insultos e mais agressões físicas que os brancos em São Paulo. A desvantagem, revelada pela pesquisa Datafolha, não pára por aí: percentualmente, também há mais revistados negros que qualquer outro grupo étnico.Entre os da raça negra, quase metade (48%) já foi revistada alguma ver. Desses, 21% já foram ofendidos verbalmente e 14%, agredidos fisicamente por policiais.Os pardos superam os negros em ofensas: 27% deles foram ofendidos verbalmente e 12% agredidos fisicamente. Ao todo, 46% já foram revistados alguma vez.
A população branca é menos visada pela polícia. Entre estes, 34% já passaram por uma revista, 17% ouviram ofensas e 6% já foram agredidos, menos da metade da incidência entre negros.A escolaridade e condição financeira têm pouca influência sobre a freqüência e incidência das revistas policiais e da violência praticada pela polícia.Tanto é assim que 36% dos que têm renda familiar até dez salários mínimos (R$ 1.120) já foram revistados, contra 37% daqueles cuja renda supera 20 salários mínimos (R$ 2.240).Entre os entrevistados com nível superior, 38% já foram parados e revistados pela polícia, contra 35% entre os que só têm até o primeiro grau, às vezes incompleto.
A pesquisa identificou também um índice alarmante de violência nas abordagens policiais. Entre os que já foram revistados, 38% foram ofendidos verbalmente e 19%, agredidos fisicamente.Há ainda os que nunca foram revistados pela polícia, mas mesmo assim já foram ofendidos por ela. Ao todo, eles somam 8%.Talvez por conta dessa experiência ações da polícia são consideradas mais violentas do que deveriam por 73% dos entrevistados, índice maior do que o verificado na pesquisa feita em 95, quando 44% tinham essa opinião.Naquela ocasião, a violência utilizada pela polícia, era considerada apropriada por 35%, número que despencou para 14% depois do que os paulistanos puderam ver pela televisão.Ainda assim, 7% dos entrevistados sugerem mais violência aos policiais. Curiosamente, entre os negros há maior incidência dessa opinião: 11% acham que a polícia é menos violenta que o necessário, contra 7% entre os brancos.A imagem da polícia também é mais branda entre os que não viram as imagens da violência praticada pelos PMs pela TV. Nesse universo, 53% acham a polícia mais violenta do que deveria e 14%, menos violenta. (RV)
"Cara de prontuário" é alvo constante
Preto ou mulato, jovem, pobre. Este é o alvo preferido do aparelho repressivo estatal. É o sujeito com "cara de prontuário", como o define o criminalista argentino Eugenio Raúl Zaffaroni.É aquele que - só por pertencer a determinada classe ou minoria, ou por enquadrar-se num estereotipo - torna-se vulnerável à ação do sistema repressivo penal. Ou seja, não precisa praticar nenhum delito para ser suspeito. Basta existir e estar na rua. Zaffaroni desenvolveu a "teoria da vulnerabilidade" ao aparelho repressivo, que ele expõe no livro "En Busca de Las Penas Perdidas". Diz ele que a pessoa em estado de vulnerabilidade é aquela que o sistema penal seleciona e usa para justificar o seu exercício de poder.E o estado de vulnerabilidade decorre ou da simples condição social ou biotipo, ou do comportamento pessoal em tornar-se vulnerável pela prática de crime.Para Zaffaroni, pessoas poderosas, bem vestidas, têm alto grau de invulnerabilidade ao aparelho repressivo penal. Precisariam esforçar-se muito (praticar muitos crimes) para entrarem no sistema. Isso significa que o sistema penal é seletivo e discriminatório, porque seleciona em especial os pobres e/ou pretos ou mulatos.
A "teoria da vulnerabilidade" pode também ser aplicada aos crimes da PM em Diadema. Na favela Naval, as pessoas encaixam-se no perfil definido pelo especialista. São pobres. Não sabem ao certo o que é cidadania. Vivem num lugar marginalizado, onde o Estado é praticamente ausente. O papel do Estado é preenchido por bandidos. A polícia não coíbe a ação criminosa e aterroriza os moradores. Eles não protestam por temerem uma reação ainda mais violenta.O episódio de Diadema provavelmente não aconteceria num bairro mais rico.
Zaffaroni não escreveu sobre o Brasil. As distorções expostas verificam-se no mundo inteiro. A diferença é que, nos países desenvolvidos, os direitos humanos são violados com menos freqüência e as pessoas menos vulneráveis (aquelas que têm status social, econômico ou cultural) caem com mais frequência nas malhas do aparelho repressivo do que no Brasil.Isso não é à toa. Nesses países, os cidadãos têm mais instrução e tornam-se menos vulneráveis aos abusos dos agentes do Estado.Esse é o caminho apontado por Zaffaroni: educar para aumentar o índice de invulnerabilidade ao aparelho repressivo estatal.
23% temem mais a polícia que os bandidos. Praticamente um em cada quatro Paulistanos (23%) tem hoje mais medo da polícia do que dos bandidos. Outros 33% acreditam que a polícia e os bandidos são igualmente perigosos. Essa troca de papéis, revelada em pesquisa Datafolha realizada na quarta-feira, é ainda mais evidenciada entre a população negra.Em cada três negros, um (35%) teme mais a polícia que os bandidos e outro teme os dois na mesma proporção, aponta o levantamento, feito em São Paulo. Para os entrevistados de cor branca, somente 19% (um em cada cinco) temem mais a polícia. Quase a metade, 47%, tem mais medo dos bandidos.
Entrevista completa AQUI