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Resultados da pesquisa

5 de fev. de 2008

Polícia nazista

Tanto o vídeo quanto a pesquisa abaixo são de 1997. Portanto, lá se vão dez anos. A filmagem, na época, chocou o país. Não por ser novidade ou o fato desconhecido, mas por ter sido filmada a atrocidade da polícia. E a pergunta que se faz é: o que mudou? O que os governos fizeram para realmente tornar a polícia uma instituição representativa do estado de Direito que, supostamente, estamos vivendo? Nada. A não ser estimular mais a truculência de uma polícia com poder de vida ou morte sobre os brasileiros. Nessa blitz filmada, um policial atira e mata o jovem Mário José Josino que já estava dentro do carro liberado. Matou à toa, por prazer. Por costume! Até quando?

Pesquisa sobre Violência Policial
Rodrigo Vergara
Jornal "Folha de São Paulo", domingo, 6 de abril de 1997

Negros são mais abordados e agredidos
Os negros são abordados com mais freqüência, recebem mais insultos e mais agressões físicas que os brancos em São Paulo. A desvantagem, revelada pela pesquisa Datafolha, não pára por aí: percentualmente, também há mais revistados negros que qualquer outro grupo étnico.Entre os da raça negra, quase metade (48%) já foi revistada alguma ver. Desses, 21% já foram ofendidos verbalmente e 14%, agredidos fisicamente por policiais.Os pardos superam os negros em ofensas: 27% deles foram ofendidos verbalmente e 12% agredidos fisicamente. Ao todo, 46% já foram revistados alguma vez.

A população branca é menos visada pela polícia. Entre estes, 34% já passaram por uma revista, 17% ouviram ofensas e 6% já foram agredidos, menos da metade da incidência entre negros.A escolaridade e condição financeira têm pouca influência sobre a freqüência e incidência das revistas policiais e da violência praticada pela polícia.Tanto é assim que 36% dos que têm renda familiar até dez salários mínimos (R$ 1.120) já foram revistados, contra 37% daqueles cuja renda supera 20 salários mínimos (R$ 2.240).Entre os entrevistados com nível superior, 38% já foram parados e revistados pela polícia, contra 35% entre os que só têm até o primeiro grau, às vezes incompleto.

A pesquisa identificou também um índice alarmante de violência nas abordagens policiais. Entre os que já foram revistados, 38% foram ofendidos verbalmente e 19%, agredidos fisicamente.Há ainda os que nunca foram revistados pela polícia, mas mesmo assim já foram ofendidos por ela. Ao todo, eles somam 8%.Talvez por conta dessa experiência ações da polícia são consideradas mais violentas do que deveriam por 73% dos entrevistados, índice maior do que o verificado na pesquisa feita em 95, quando 44% tinham essa opinião.Naquela ocasião, a violência utilizada pela polícia, era considerada apropriada por 35%, número que despencou para 14% depois do que os paulistanos puderam ver pela televisão.Ainda assim, 7% dos entrevistados sugerem mais violência aos policiais. Curiosamente, entre os negros há maior incidência dessa opinião: 11% acham que a polícia é menos violenta que o necessário, contra 7% entre os brancos.A imagem da polícia também é mais branda entre os que não viram as imagens da violência praticada pelos PMs pela TV. Nesse universo, 53% acham a polícia mais violenta do que deveria e 14%, menos violenta. (RV)

"Cara de prontuário" é alvo constante

Preto ou mulato, jovem, pobre. Este é o alvo preferido do aparelho repressivo estatal. É o sujeito com "cara de prontuário", como o define o criminalista argentino Eugenio Raúl Zaffaroni.É aquele que - só por pertencer a determinada classe ou minoria, ou por enquadrar-se num estereotipo - torna-se vulnerável à ação do sistema repressivo penal. Ou seja, não precisa praticar nenhum delito para ser suspeito. Basta existir e estar na rua. Zaffaroni desenvolveu a "teoria da vulnerabilidade" ao aparelho repressivo, que ele expõe no livro "En Busca de Las Penas Perdidas". Diz ele que a pessoa em estado de vulnerabilidade é aquela que o sistema penal seleciona e usa para justificar o seu exercício de poder.E o estado de vulnerabilidade decorre ou da simples condição social ou biotipo, ou do comportamento pessoal em tornar-se vulnerável pela prática de crime.Para Zaffaroni, pessoas poderosas, bem vestidas, têm alto grau de invulnerabilidade ao aparelho repressivo penal. Precisariam esforçar-se muito (praticar muitos crimes) para entrarem no sistema. Isso significa que o sistema penal é seletivo e discriminatório, porque seleciona em especial os pobres e/ou pretos ou mulatos.

A "teoria da vulnerabilidade" pode também ser aplicada aos crimes da PM em Diadema. Na favela Naval, as pessoas encaixam-se no perfil definido pelo especialista. São pobres. Não sabem ao certo o que é cidadania. Vivem num lugar marginalizado, onde o Estado é praticamente ausente. O papel do Estado é preenchido por bandidos. A polícia não coíbe a ação criminosa e aterroriza os moradores. Eles não protestam por temerem uma reação ainda mais violenta.O episódio de Diadema provavelmente não aconteceria num bairro mais rico.

Zaffaroni não escreveu sobre o Brasil. As distorções expostas verificam-se no mundo inteiro. A diferença é que, nos países desenvolvidos, os direitos humanos são violados com menos freqüência e as pessoas menos vulneráveis (aquelas que têm status social, econômico ou cultural) caem com mais frequência nas malhas do aparelho repressivo do que no Brasil.Isso não é à toa. Nesses países, os cidadãos têm mais instrução e tornam-se menos vulneráveis aos abusos dos agentes do Estado.Esse é o caminho apontado por Zaffaroni: educar para aumentar o índice de invulnerabilidade ao aparelho repressivo estatal.

23% temem mais a polícia que os bandidos. Praticamente um em cada quatro Paulistanos (23%) tem hoje mais medo da polícia do que dos bandidos. Outros 33% acreditam que a polícia e os bandidos são igualmente perigosos. Essa troca de papéis, revelada em pesquisa Datafolha realizada na quarta-feira, é ainda mais evidenciada entre a população negra.Em cada três negros, um (35%) teme mais a polícia que os bandidos e outro teme os dois na mesma proporção, aponta o levantamento, feito em São Paulo. Para os entrevistados de cor branca, somente 19% (um em cada cinco) temem mais a polícia. Quase a metade, 47%, tem mais medo dos bandidos.

Entrevista completa AQUI

2 comentários:

  1. Anônimo6/2/08

    Nada publicado no Brasil me comove tanto quanto o que você nos aponta em Recomeço desde que conheci o seu Jornal. Você me pega pelo gogó e sacode literalizando tudo o que é apenas vago. O Brasil, e quem sabe o mundo? estão vivendo os tempos áureos do Hitler; um dia num futuro talvez nem tão remoto, vamos exclamar: "como é que ninguém deu cobro?"
    Sabemos das conseqüências funestas da omissão.

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  2. Anônimo6/2/08

    Como são verdadeiras as mensagens do Jornal Recomeço! Parabéns! Se cada um de nós fisésemos 1/3 do que vocês fazem, creio que alguma coisa melhoraria.

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