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19 de out. de 2008

Polícia precisa mudar

"É uma polícia burra. Por isso mata tanta gente, por isso foge todo mundo" (Sérgio Kodato da USP)
Leiam artigo completo na Folha de São Paulo de hoje (caderno Cotidiano):
Reforma da polícia é necessária, diz professor
Para Sérgio Kodato, do Observatório da Violência da USP, momento é propício para reestruturar a inteligência das polícias. Kodato diz que, a exemplo de Nova York, São Paulo deve adotar uma "limpeza" brusca nas polícias para intimidar a corrupção
ROGÉRIO PAGNANDA
Estudioso e professor da complexa mecânica da violência urbana, Sérgio Kodato vê um lado positivo na batalha campal travada entre policiais civis e militares em São Paulo: uma excelente oportunidade para se propor uma reforma de "todo o sistema de segurança."Para ele, o confronto assistido na última quinta-feira apenas desnuda ao público a relação desarmoniosa entre os membros das duas polícias, que é repetida todos os dias nos corredores das delegacias."Não é nem animosidade, já é uma guerra mesmo.
Aquilo foi o que a gente chama de objetivação desse antagonismo, dessa oposição, dessa cisão, e você teve a materialização disso daí num fato social. Aquilo traduz, é a representação desse conflito do dia-a-dia. Colocaram as cartas na mesa."A falta de harmonia, para ele, só prejudica a qualidade da segurança oferecida à população, porque a briga vai desde a vaidosa disputa para ver quem consegue aparecer na mídia, realizando uma grande prisão, até a sonegação mútua de informação de inteligência policial.Nesse contexto, a briga em púbico só agrava o quadro -do prejuízo da qualidade da segurança- porque faz desabar a sensação de segurança das pessoas. "Quando as polícias estão brigando, e isso é espetacularizado na mídia, a tendência é criar um certo pânico na população. É como se nossos pais estivessem brigando violentamente", disse ele, professor de psicologia da violência da USP e coordenador do Observatório da Violência, ambos de Ribeirão Preto (SP).
O professor avalia ser necessário um estudo de como uma mudança estrutural deve ser operada no sistema de segurança. Ele diz não ter dúvidas, porém, da necessidade de mudar a forma de a polícia trabalhar. "Essa reforma deveria virar de ponta cabeça a inteligência das duas polícias, que [hoje] é relegada a um segundo plano. É uma polícia burra. Por isso mata tanta gente, por isso foge todo mundo", afirmou.Outro ponto que precisa ser melhorado, para ele, é a fiscalização das corregedorias.
A corrupção na polícia, explica, só faz agravar a violência das ruas porque o policial deixa de prender bandidos para extorqui-los.Para Kodato, São Paulo poderia utilizar o exemplo implantado em Nova York, na década de 1990, quando o então prefeito Rudolph Giuliani desencadeou uma implacável limpeza na polícia, que baixou os índices de criminalidade.
Em São Paulo, para o professor, essa limpeza deveria começa pela Polícia Civil. "Eles falam que são casos isolados. Mas, toda semana aparece um policial envolvido com corrupção. Isso indica que não são só casos isolados.
Os caras de Nova York fizeram uma limpeza na polícia porque descobriram isso".A Polícia Militar, para ele, tem problemas -como a forma injusta de os superiores tratarem os subordinados-, mas a corrupção é muito menor. "Você não tem um coronel da PM que enriqueceu violentamente, com um patrimônio monstruoso, como você tem na Polícia Civil. Ainda mais agora, que um delegado em início de carreira ganha R$ 3.500", calcula Kodato.
O professor também aponta outras diferenças entre as duas polícias. Para ele, os PMs são mais bem preparados para enfrentar a criminalidade e, até, para atender a população com cordialidade. Essa diferença, segundo o professor, começa pela aparência das unidades policiais: as da Polícia Civil, têm aspecto sombrio; as da PM, parecem limpas e organizadas.

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